Há poucos dias esteve em Caçador um profissional raro atualmente, o afinador de pianos. Filho de mãe pianista e pai vendedor de instrumentos musicais, Christtiano Bartosiak atua há mais de 20 anos na área e não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina, afinando o instrumento e dando vida às notas musicais.
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A história deste afinador de pianos começa já na infância, acompanhando seu pai na loja de instrumentos onde observava os técnicos afinadores, e nem sempre concordando inteiramente com o que faziam.
“Desde a minha infância tive piano dentro de casa, e sempre mais do que um, devido ao comércio de meu pai. Presenciava as idas e vindas dos técnicos fazendo a manutenção nos pianos da loja e nunca concordava 100% com o ouvido deles, com a afinação deles. E no final da história meu pai sempre olhava para mim e dizia – vai lá e dá teu tapinha. E eu de brincadeira, sem compromisso, e resolvia a afinação que cabia com o meu ouvido”, relembra o afinador.
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Christtiano revela que inicialmente tentou escapar do chamado da música. No entanto, o amor pelos pianos falou mais alto, levando-o a uma jornada que dura duas décadas. “O piano é aço fazendo força em cima da madeira, que é a tabua harmônica. E o aço vai cedendo, a madeira vai cedendo. É uma briga de força. Então tem que se manter essa pressão próxima do ideal e a ideia é afinar o instrumento todo ano para ficar dentro do tom. A afinação de pianos é um ofício artesanal”.
Além da experiência prática, Christtiano também mergulhou no mundo da música ao realizar uma imersão em uma fábrica de pianos. Essa experiência não apenas aprimorou suas habilidades mas também aprofundou seu entendimento sobre o instrumento, transformando seu trabalho em uma arte que vai além do simples ajuste de cordas e martelos.
“No Brasil não temos curso, não tem faculdade na área. A ideia da afinação é ouvido, aprender as técnicas, saber ouvir e o que tratar para afinar um piano. Eu tinha isso em casa, mas eu passei três meses morando dentro de uma fábrica em São Paulo. A fábrica de pianos Fritz Dobbert é a única aberta daqui até os Estados Unidos. Ali fui aprendendo como construir o piano do zero, da madeira até o produto final. Com isso aprendi a ideia de manutenção mecânica, regulagens, reparos, trocas e confecção de cordas. A afinação é uma atividade delicada, entre as teclas e os ouvidos treinados do afinador”, explica.
Especialistas recomendam que os pianos devem ser afinados pelo menos uma vez por ano para manter o som agradável. Para Cristiano, a afinação é mais do que uma tarefa profissional, é uma vocação, uma paixão que o leva a buscar a perfeição a cada nota.
Residente em Florianópolis, Christtiano Bartosiak esteve em Caçador afinando diversos pianos e um dos locais em que esteve foi na Associação dos Amigos da Música. O maestro Patrick Cavalheiro explica que o piano sozinho é uma orquestra completa. “Nem sempre a gente consegue reunir a orquestra completa para fazer uma passagem da música. Então costumamos falar que o piano é uma orquestra completa, porque ali é tocado todos os instrumentos em um único instrumento. Os pianos devem estar em dia, como a mecânica de um carro. Então fazendo essa analogia, essa comparação, o piano é a mesma situação Para um instrumentista que vai tocar o piano, se estiver enroscando alguma tecla ou com o som desafinado, isso irá influenciar na performance. Então por isso é muito importante que esteja em dia a afinação e a conservação de instrumento”.
Christtiano declara que esse trabalho e a história do piano representa a história de sua família. “Me lembro desde criança, lá com 7, 8 anos de idade abrindo a apresentação para a escola de música da minha mãe. Então, tudo na minha vida foi baseado sobre piano. Posso dizer que tudo que eu tenho foi por causa do piano”.
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