O aumento das apostas esportivas online está impactando negativamente o orçamento das classes D e E no Brasil. Segundo a PwC Strategy& do Brasil, os gastos com apostas superaram despesas com lazer e cultura, e até afetaram a alimentação. Desde a aprovação da Lei nº 13.756 em 2018, os gastos com apostas cresceram 419%.
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O economista Gerson Charchat alerta que, em 2018, as apostas representavam 0,27% do orçamento familiar dessas classes.
Atualmente, este percentual saltou para 1,98%, quase quatro vezes mais. Em contraste, gastos com lazer e cultura diminuíram.
As apostas estão se tornando uma carga financeira significativa, especialmente para os jovens de baixa renda. Charchat observa que isso pode levar a um aumento no endividamento, afetando o crescimento econômico.
A análise da Strategy& revela um aumento na percepção de dificuldades financeiras, com um quinto dos brasileiros enfrentando dificuldades para pagar contas.
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Dados sobre o número de plataformas de apostas e arrecadação são imprecisos e serão conhecidos após regulamentação pelo Ministério da Fazenda.
A Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) aponta que 64% dos apostadores usam parte da renda principal para apostas. Além disso, 23% deixaram de comprar roupas e itens de mercado devido a esse gasto.
A economista Ione Amorim destaca que o problema vai além da economia, afetando a saúde mental e causando endividamento e destruição de lares. Ela ressalta a necessidade de melhor educação financeira para mitigar os riscos das apostas.
O Projeto de Lei nº 2.234/2022, em tramitação, propõe a exploração de cassinos e outros jogos, o que pode intensificar os efeitos negativos das apostas. Enquanto a arrecadação das apostas eletrônicas ainda não começou, a regulamentação está prevista para este ano, mediante pagamento de R$ 30 milhões à União.