O sistema de degelo do ATR-72 da Voepass que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, desligou e ligou diversas vezes antes da queda. A informação consta em relatório preliminar divulgado no início da noite desta sexta-feira (6) pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, o Cenipa.
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A investigação do Cenipa aponta que o sistema de controle de gelo nas asas desligou e religou várias vezes e outro equipamento, que controla a temperatura da aeronave, estava inoperante. Apesar disso, a aeronave estava com manutenção em dia e era apta para voo em condição de gelo.
Pilotos tinham treinamento específico para voo em condições de gelo. Além disso, todos os certificados da tripulação estavam em vigor.
Ao mostrar toda a linha do tempo da decolagem até a queda, o Cenipa indica que o alerta de gelo foi exibido na cabine dos pilotos por 6 minutos e 22 segundos. Às 13h19 no dia do acidente, o botão de degelo é desligado. 13h20, por meio do da caixa preta com as vozes do acidente, o copiloto comenta ‘bastante gelo’.
Cinco segundos após, o botão para degelo é acionado e fica assim até a queda da aeronave. O controle de aproximação então permite a vinda para o aeroporto às 13h20. Segundo o laudo preliminar, o pouso já havia sido permitido pelo controle de aproximação em São Paulo.
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Na hora da queda, a aeronave se inclinou a 32º e, ainda em curva, houve o alarme de aumento de velocidade e vibração da aeronave, com estol. Então, houve reversão da curva, que o Cenipa ainda não pode indicar se foi o piloto ou ações aerodinâmicas, à esquerda, com inclinação de 52º e depois há reversão à direita, de 94º, ganhando altitude e entrando em um parafuso com curva à direita. A aeronave faz 180º no sentido de deslocamento, aqui ela sobe o nariz e entra em parafuso chato com curvas anti-horárias completando cinco voltas até a colisão com o solo.
Sobre o acidente
O avião modelo ATR-72 que saiu do aeroporto regional de Cascavel, no Paraná, com destino a Guarulhos, despencou quatro mil metros em apenas dois minutos no interior de São Paulo, no dia 9 de agosto.
Os motores e outras peças importantes para a investigação foram retirados do local do acidente e encaminhados a uma unidade da Força Aérea Brasileira no Aeroporto Campo de Marte, na capital paulista. A análise dos componentes juntamente à extração de dados da caixa-preta, incluindo os diálogos entre piloto e co-piloto, vai revelar se houve alguma pane na aeronave.
Segundo especialistas, a principal hipótese é que uma formação de gelo tenha feito o avião perder velocidade e sustentação, caindo em parafuso.
“É possível que a formação de gelo tenha contribuído, mas não seja a causa do acidente. Não podemos descartar nada, pode ser até que tenha acontecido falha no motor”, explica o perito aeronáutico Daniel Kalazans.
O modelo ATR-72, de fabricação francesa, tem dois mecanismos para combater o gelo: um que aquece partes do avião e outro que quebra o gelo, por meio de uma camada de borracha que infla. O piloto é o responsável por acionar esses sistemas.
Problemas no motor
Segundo relatório do Cenipa (Centro de Investigação de Acidentes da Força Aérea Brasileira), no dia 11 de março deste ano, no aeroporto de Salvador, o mesmo avião que caiu em Vinhedo apresentou baixo nível de óleo hidráulico, o que indica problemas no motor, e um contato anormal da aeronave com a pista na hora no pouso.
A Voepass não esclareceu ainda que tipo de reparos foram feitos, apenas informou que o avião estava apto para voar.
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