A Epagri/Caçador comemora 85 anos e homenageia um dos pioneiros, o agrônomo José Oscar Kurtz, que foi o primeiro presidente da Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária (Empasc), precursora da Epagri. A Estação Experimental agora passa a levar seu nome, como forma de agradecimento pelos serviços prestados principalmente na pesquisa.
A Epagri em Caçador é responsável pelo consumo de variedades de maçã catarinenses no mundo todo; é pioneira do Brasil no Sistema de Produção Integrada de Tomate Tutorado (Sispit); é responsável pelo desenvolvimento da primeira variedade de trigo do País e é referência na produção de alho livre de vírus.
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A cerimônia com o descerramento da placa levando o nome do Dr Kurtz no prédio principal da Estação Experimental ocorreu nesta quinta-feira (26) na presença de familiares do homenageado, antigos colegas de trabalho, atuais profissionais da Epagri, autoridades e demais convidados. A indicação para que a Estação levasse o nome do pesquisador, foi realizada na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), pelo deputado estadual José Milton Scheffer, presente no ato em Caçador.
De acordo com o Balanço Social da Epagri, em 2022 as tecnologias e ações da Empresa geraram para a sociedade catarinense a cifra de R$ 4,39 bilhões. Deste total, 12,6% vieram de tecnologias desenvolvidas pelos pesquisadores da Estação Experimental de Caçador, o que equivale a R$ 551,6 milhões. “Além disso, os royalties arrecadados com comercialização de cultivares de maçã em países europeus geraram cerca de R$870 mil para a Epagri, o que nos permitiu investir em mais pesquisas”, revela o gerente da Estação, Anderson Luiz Feltrim.
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Segundo o presidente da Epagri, Dirceu Leite, a Estação é um centro de disseminação de conhecimento que beneficia agricultores e comunidades locais. “A pesquisa realizada em Caçador contribui para a segurança alimentar, a sustentabilidade agrícola e o crescimento econômico da região e do País. É uma instituição de grande relevância para o setor agropecuário e para a sociedade, que teve importante participação do pesquisador José Oscar Kurtz ”, salienta.
José Oscar Kurtz
Falecido em 2022 aos 84 anos, Kurtz é considerado um dos pioneiros no desenvolvimento da pesquisa agropecuária de Santa Catarina. Participou da criação e foi o primeiro presidente da Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária (Empasc), precursora da Epagri.
A Empasc se transformou em um marco divisório na pesquisa catarinense. Antes da criação dessa instituição de pesquisa, as produções de inúmeras culturas eram inexpressivas no Estado, como é o caso da maçã que saltou de 5 mil quilos por hectare para mais de 40 mil kg/ha.
“A visão inovadora de José Oscar Kurtz na pesquisa possibilitou ganhos expressivos na agropecuária catarinense. A trajetória dele o credencia a receber a singela homenagem da Epagri em dar o seu nome à Estação Experimental de Caçador”, diz Feltrim.
Honra para a família
Um dos filhos do homenageado, Carlos Kurtz, disse que para a família é uma honra presenciar o nome de José Oscar Kurtz sendo eternizado na Estação Experimental da Epagri Caçador, onde atuou por muito anos e contribuiu para a estruturação da pesquisa agropecuária em Santa Catarina.
“Nosso pai deixou um legado aqui no que diz respeito a forma de trabalhar e promover a pesquisa. Além da homenagem a ele, este é um momento em que todos os técnicos, pesquisadores e extensionistas devem comemorar os 85 anos, com um evento muito especial, onde se festejam os investimentos em pesquisa, em ciência, e prova disso é a existência e força da Estação Experiemental da Epagri em Caçador, demonstrando o quanto a pesquisa e a extensão pode fazer para o bem de toda uma sociedade”.
O começo
A Estação Experimental de Caçador nasceu em 1938 como uma unidade de pesquisa do Ministério da Agricultura. Entre 1972 e 1975 passou a fazer parte da estrutura da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em 1975 foi incorporada pelo Estado, compondo a Empresa de Pesquisa Agropecuária de SC (Empasc), que na década de 1990 se uniu a outras instituições estaduais para criar a Epagri.
A unidade foi fundada com o objetivo de incentivar a cultura do trigo em Santa Catarina e fortalecer a meta do governo da época, que era fazer com que o Brasil não dependesse tanto das importações do grão. Ela foi a responsável pelo desenvolvimento da primeira variedade de trigo do País. Com o passar dos anos, a vocação agrícola da região mudou e as linhas de pesquisa foram sendo adaptadas para atender às novas demandas, como estudos com grãos, hortaliças, adubos verdes e fruticultura. Na metade da década de 1970 começaram as primeiras pesquisas com maçã e nos anos seguintes com olericultura (alho, cebola e tomate).
Focos da pesquisa e estrutura
Atualmente as pesquisas da Estação Experimental têm como foco a fruticultura de clima temperado e a olericultura. Na fruticultura são desenvolvidos melhoramento genético da macieira, manejo de plantas e tecnologias para conservação de maçãs pós-colheita. Em olericultura, a unidade faz pesquisas em tomate, alho, cebola, morango e manejo de plantas.
Para esse trabalho, a Estação conta com uma equipe de 14 pesquisadores e outros profissionais de apoio, num total de 38 funcionários. Conta com oito laboratórios que prestam serviços à sociedade e desenvolvem análises para pesquisas, como por exemplo o de ensaio químico, que faz análise de folhas de diversas plantas e da polpa da maçã, e os de cultura de tecidos, biotecnologia, fitopatologia, entomologia, pós-colheita, melhoramento genético e defensivos.
O futuro
Com 85 anos de história, a Estação Experimental da Epagri em Caçador tem uma trajetória rica em contribuições para o desenvolvimento agrícola e agropecuário. No entanto, os desafios para os próximos 85 anos são igualmente significativos. Dentre eles, Feltrim cita o desenvolvimento de variedades agrícolas mais resistentes e sustentáveis diante de eventos climáticos extremos.
“Aliado a isso, precisamos acompanhar as mudanças nos mercados globais e auxiliar os agricultores na produção de produtos competitivos para exportação, a exemplo de nossa maçã”, destaca o gerente. “Para isso, também é importante garantir que os produtores tenham acesso às mais recentes inovações e técnicas de produção”, diz ele.
Feltrim ressalta que toda tecnologia gerada não pode perder de vista a manutenção da segurança alimentar e a preservação da diversidade genética de plantas e animais e sua adaptação às condições ambientais. “Com uma dedicação contínua à pesquisa e à inovação, a Estação Experimental de Caçador está bem posicionada para enfrentar os desafios dos próximos 85 anos e continuar a desenvolver um papel vital no desenvolvimento agrícola do Estado de Santa Catarina e do Brasil”, finaliza o presidente Dirceu Leite.
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