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51 anos de um dos discos mais pesados do Heavy Metal

No último dia 25 de setembro o álbum Vol. 4 do Black Sabbath completou aniversário. O quarto álbum de estúdio da banda inglesa é um dos maiores ícones da história do Heavy Metal, inúmeras bandas inspiraram-se nele, principalmente às do Doom Metal, e dele também provém diversos subestilos do Heavy Metal. Intitulado apenas Volume 4, o seu título original seria “Snowblind”, porém, por fazer alusão explícita à cocaína, a gravadora (Vertigo Records) achou por bem adotar apenas Vol. 4. A cocaína era um grande problema de saúde pública na época (é bom lembrar que a cocaína apenas se tornou droga ilícita na maioria dos países no início dos anos 1980).

O álbum começou a ser produzido e gravado em junho de 1972 e posteriormente lançado em setembro, é notável a velocidade com que o Black Sabbath compunha e materializava a sua criatividade. Foi nesse disco que a banda passou a experimentar realmente o som pesado que a caracterizaria por toda a sua carreira. E os grandes responsáveis por isso foram realmente os musicistas quando decidiram demitir seu atual produtor (Rodger Bain), que apesar de reconhecidíssimo, não estava conseguindo mais acompanhar o desenvolvimento musical do Sabbath.

“É o primeiro álbum que produzimos”, disse Ozzy Osbourne. “Anteriormente, tínhamos Rodger Bain como produtor que, embora seja muito bom, não era capaz de perceber o que a banda estava fazendo de fato. Era uma questão de comunicação. Desta vez, fizemos isso com Patrick, nosso empresário, e acho que estamos todos muito felizes… Foi ótimo trabalhar em um estúdio americano”.

Como em toda banda, as brigas e confusões também estavam presentes. Porém, na concepção de Vol. 4 as coisas esquentaram de verdade entre os membros. Some à tensão o uso indiscriminado de álcool, cocaína e até heroína e você terá uma bomba relógio. É inegável que Bill Ward (baterista) era um alcoólatra incurável, embora nunca parecesse estar sob o efeito de álcool, talvez por ao mesmo tempo estar sob influência da cocaína. Mas, durante a gravação da faixa Cornucopia, a situação desandou. Ward não conseguia acertar as linhas da bateria, em certo momento sentou-se ao chão no meio do estúdio e esbravejou que tudo naquela canção estava errado. Após muitas tentativas conseguiu gravar, mas recebeu apenas olhares de desaprovação e sentiu que seria demitido.

Eu odiava a música, havia alguns padrões que eram simplesmente horríveis. Eu acertei no final, mas a reação que recebi foi fria. Era como: “Bem, vá para casa, você não está sendo útil agora. Senti que tinha estragado tudo, estava prestes a ser despedido. Disse Ward no livro How Black Was Our Sabbath.

O som pesado da banda ficou registrado em canções como Supernaut, Tomorrow’s Dream e Cornucopia. Já em Changes podemos perceber a melancolia que tomava Bill Ward que estava passando por um processo de divórcio. A melodia foi composta por Tony Iommi (guitarrista), logo após encontrar um piano no estúdio da gravadora e aprender a tocar por conta própria, a letra foi escrita por Geezer Butler (baixista), tocado pela situação do companheiro baterista. Ozzy adicionou sua voz em alguns tons acima da melodia e assim nasceu a belíssima Changes.

Sobre a faixa Wheels of Confusion, Henry Rollins (vocalista do Black Flag) disse que: “É sobre a alienação e estar perdido nas rodas da confusão, que é como me sinto a maior parte do tempo. Sabbath poderia ser minha banda favorita. É, definitivamente, a rocha do homem solitário. Há algo em suas melodias que é tão doloroso e, ainda assim, tão poderoso”

Laguna Sunrise foi composta por Iommi após passar uma madrugada acordado à beira de Laguna Beach. Já no estúdio o instrumental de Laguna Sunrise foi acompanhado pela mesma orquestra que acompanhou a gravação de Snowblind. Snowblind que é a música em que a banda faz da forma mais explícita a alusão à cocaína. A banda estava escalando muito rapidamente o vício e até fez um agradecimento “the great COKE-cola” no encarte do álbum.

Ao comentar sobre o álbum em entrevista à revista Circus Raves, Tony Iommi disse que: “Foi uma mudança completa, sentimos que tínhamos feito mais de um álbum, realmente… Nós estamos indo longe demais”.

Vol. 4 fez tanto sucesso que foi Disco de Prata na Inglaterra e Platina dos estados Unidos e Canadá. Além disso, foi eleito o 14º melhor álbum de metal pela revista Rolling Stone em 2017. Em 2021 foi relançado com 20 músicas inéditas e remasterizado.

Por: Gionei “Pollenta” Cambruzzi Fhynbeen, Jornalista, Locutor e Produtor da Rádio 92 FM de Caçador. Apresentador do Programa 92 In Rock que vai ao ar todos os sábados das 18h às 20h na emissora.

Alessandro

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