Educação

SC registra mais de 7.700 casos de violência escolar em 2024

Em 2024, Santa Catarina registrou 7.719 ocorrências de violência nas escolas estaduais, conforme os dados divulgados pelo Núcleo de Política de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola (Nepre). Esses números refletem um cenário alarmante de agressões físicas, verbais e bullying nas instituições educacionais do estado.

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Hoje, 7 de abril, é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. Esta data é uma oportunidade importante para refletirmos sobre as ações necessárias para combater a violência nas escolas e promover um ambiente mais seguro para todos os estudantes.

O levantamento do Nepre aponta que, entre as 7.719 ocorrências registradas, sendo

  • violência física com 16% dos casos,
  • violência verbal com11% e
  • bullying com 3,5% dos casos.

Em grande parte, os próprios estudantes são as vítimas dessas agressões.

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Entre os anos de 2001 e 2024, o Brasil registrou 43 ataques violentos em escolas, segundo o 1º Boletim Técnico “Escola que Protege”, lançado pelo Ministério da Educação em fevereiro deste ano. Esses ataques resultaram em 168 vítimas, sendo 115 feridos e 53 mortos, com seis dos agressores também entre os mortos.

Dois dos episódios mais trágicos ocorreram em Santa Catarina: o ataque em Saudades, no Oeste do estado, em maio de 2021, e o massacre em Blumenau, em abril de 2023, ambos em creches.

Pandemia de Covid x aumento dos casos

O aumento dos episódios de violência extrema nas escolas é evidente desde 2019, com um pico entre 2022 e 2023, anos em que houve 10 e 15 ataques, respectivamente.

A psicóloga Apoliana Regina Groff, mestre e doutora em Psicologia, analisa que esse crescimento pode estar relacionado ao período de isolamento social durante a pandemia de COVID-19.

Para ela, esse tempo de distanciamento forçado aumentou a exposição dos jovens a conteúdos extremistas nas redes sociais, ampliando a radicalização de muitos adolescentes e jovens.

Polarização da política

A especialista alerta que o aumento da violência nas escolas também está ligado à polarização política e aos discursos de ódio, que têm se intensificado no Brasil.

“Precisamos refletir até que ponto, enquanto sociedade brasileira, temos favorecido uma educação e formação humana contrárias às violências”, pondera Apoliana.

Minissérie “Adolescência”

Além da reflexão que a data de hoje propõe, o tema da violência escolar continua sendo debatido, especialmente entre jovens, pais e professores.

A minissérie britânica “Adolescência”, lançada recentemente, aborda de forma impactante os efeitos do bullying e da exposição a ideais extremistas nas redes sociais sobre o comportamento de um adolescente.

A trama mostra como essas influências podem levar a consequências trágicas.

“Escola que Protege”

Os dados do “Escola que Protege” indicam que todos os autores de ataques em escolas são do sexo masculino, e que as vítimas mais vulneráveis são, muitas vezes, jovens de grupos minoritários ou marginalizados.

Bullying, racismo, homofobia e outras formas de violência estrutural têm se mostrado causas predominantes dessa violência escolar.

“Crianças e adolescentes pobres, provenientes de minorias étnicas, migrantes ou com orientações sexuais ou identidades de gênero fora da cisheteronormatividade são mais vulneráveis ao bullying nas escolas”, afirma o relatório da Unesco sobre violência escolar.

Combate a violência nas escolas

Para combater a violência nas escolas, a Secretaria de Estado de Educação de Santa Catarina (SED) tem atuado com o apoio do Nepre, que conta com equipes multidisciplinares. A SED desenvolve ações de conscientização, prevenção e acolhimento nos casos de violência nas unidades escolares.

Além disso, a Secretaria oferece materiais pedagógicos como o “Reflexões para a implementação da Política de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola”, que visam apoiar os profissionais da educação na prevenção e no tratamento das violências nas escolas.

A psicóloga Apoliana Groff sugere que um dos caminhos para enfrentar a violência nas escolas é investir na formação de professores e na capacitação de equipes pedagógicas, abordando temas como racismo, capacitismo, homofobia, machismo e transfobia.

“A escola deve ser um espaço de educação em direitos humanos, onde os estudantes se sintam acolhidos e os professores tenham condições de ensinar com qualidade. Precisamos de uma educação que enfrente as violências estruturais e promova a formação de uma sociedade mais justa e empática”, finaliza.

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Silvia Helena Zatta

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