Nesta sexta-feira, dia 5 de setembro, o município de Videira recebe a estreia do espetáculo “Território Ancestral”, uma obra teatral criada especialmente para o público infantil. A montagem parte da resistência das mulheres caboclas envolvidas no conflito do Contestado, e convida as crianças a imaginar, brincar e refletir sobre a ancestralidade e identidade cultural do território em que vivem.
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O solo teatral é protagonizado e idealizado por Flávia Santos, atriz, arte-educadora e produtora cultural. O projeto foi contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), por meio de edital promovido pela Prefeitura de Videira.
No palco, Flávia traz à tona histórias pouco conhecidas de mulheres que atuaram entre 1912 e 1916 como curandeiras, parteiras, rezadeiras e líderes dos exércitos caboclos durante o histórico conflito.
De acordo com Flávia, a proposta começou a ser desenvolvida ainda em 2024, com a colaboração de uma equipe de mulheres artistas da região do Meio-Oeste catarinense. O foco inicial era atender crianças do Ensino Fundamental 1, mas o projeto ganhou força e passou a dialogar com públicos de todas as idades.
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“Esse solo traz consigo o meu corpo em cena, e a partir dele eu evoco a história de diversas mulheres que foram nomes importantes dentro do conflito do Contestado. Quando pensamos no público, decidimos direcionar o espetáculo às crianças, porque falar de memória e ancestralidade cabocla é também fortalecer identidade e pertencimento”, explica a atriz.
A encenação utiliza a linguagem do espetáculo-jogo, permitindo que o público participe ativamente da narrativa, tornando-se elemento essencial da cena.
“Esse espetáculo não existe sem a presença do público, sem a presença das crianças. A narrativa só se completa quando a gente compartilha esse momento que é o espetáculo-jogo acontecendo”, destaca Flávia.
A estreia ocorre na Escola Padre Bruno Pokolm, localizada no bairro Vila Verde, em Videira. A entrada será gratuita, e a peça deve circular por outras escolas da região em apresentações futuras.
Além da atuação de Flávia Santos, a produção reúne artistas como Blenda Trindade (direção), Beatriz Michelon (figurino), Catarina Quinas (cenografia e direção de arte), Letícia Dada (comunicação e identidade visual), Elias de Lima Lisboa (fotografia e filmagem) e Gabi Bresola (filmagem).
Para Flávia, o projeto reforça a importância da cultura acessível e do apoio público ao fazer artístico local:
“Arte e cultura são direitos previstos em Constituição. E quando a política nacional chega até o território, ela possibilita que iniciativas de agentes culturais independentes possam ser desenvolvidas e retornem à sociedade.”
“Território Ancestral” é mais do que um espetáculo. É uma experiência sensível sobre memória, resistência e pertencimento, que convida o público a mergulhar na história cabocla do Contestado e a imaginar novos caminhos para o futuro.