Os bebês recém-nascidos foram os principais afetados por falhas na assistência à saúde em Santa Catarina ao longo de 2025, segundo levantamento da Sobrasp (Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente) com base em dados da Anvisa. Entre 1º de janeiro e 14 de dezembro, o estado registrou 2.799 ocorrências adversas envolvendo crianças de 0 a 11 anos, número considerado preocupante pela entidade.
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Em todo o Brasil, foram contabilizadas 459.746 falhas na assistência à saúde, das quais 47.853 envolveram crianças na mesma faixa etária.
Em 2024, o total de casos em Santa Catarina foi 8,89% menor, com 43.944 ocorrências, sugerindo crescimento e possível subnotificação.
Entre os estados com mais registros, Santa Catarina aparece em quinto lugar, atrás de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Bahia.
Recém-nascidos são os mais afetados
O levantamento mostra que os bebês com menos de 28 dias são os mais vulneráveis, com 1.101 ocorrências, seguidos por crianças de 29 dias a 1 ano (973 casos), 5 a 11 anos (404) e 2 a 5 anos (321).
A pediatra Priscila Amaral, membro da Sobrasp, destaca que “naturalmente, a depender da idade, a criança ainda não consegue se expressar e a gente não consegue incentivá-los ainda. À medida que a criança vai crescendo, é importante que a gente explique para familiares e pacientes de que forma os medicamentos são ministrados, sem mentir para as crianças”.
Principais causas das falhas
Segundo a Sobrasp, a maioria dos eventos adversos está relacionada à falha na comunicação entre profissionais de saúde e familiares e à falta de participação da criança no cuidado.
Entre os danos mais comuns estão lesões por pressão, quedas e administração incorreta de medicamentos.
A presidente da Sobrasp, Paola Andreoli, enfatiza a importância do envolvimento da família:
“Talvez a atitude mais importante seja a preparação dos processos de cuidado e dos profissionais para que considerem a opinião e preferências dos pacientes e seus familiares. Ouvir os pais e envolvê-los no cuidado é uma importante atitude de segurança”.
Ações e perspectiva da Secretaria de Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina considera positivo o aumento de notificações, interpretando como fortalecimento da cultura de segurança do paciente.
Segundo a pasta, os dados representam maior capacitação e engajamento dos profissionais na identificação e comunicação de eventos adversos.
Entre as medidas adotadas pelo estado estão:
- Capacitação contínua de profissionais e gestores sobre segurança do paciente;
- Fortalecimento dos Núcleos de Segurança do Paciente (NSP) em serviços públicos e privados;
- Estímulo à notificação de incidentes e quase falhas;
- Análise sistemática dos eventos para identificar falhas em comunicação e processos assistenciais;
- Apoio técnico a serviços de saúde para planos de ação;
- Articulação com diretrizes internacionais da OMS, priorizando a participação de pacientes e familiares.
Segundo a SES, “notificar mais é condição indispensável para prevenir novos eventos adversos”, garantindo transparência e consolidando uma cultura de aprendizado contínuo, com foco na segurança das crianças catarinenses.

