Que o The Cure consegue unir em suas composições profundas reflexões e letras sombrias não é novidade para ninguém, mas tornar sentimentos idiotas em hit também faz parte das façanhas da banda, principalmente do seu vocalista e principal letrista, Robert Smith.
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Proveniente do nono álbum da banda (Wish), a canção “Friday I’m in Love” se tornou um dos grandes hits, e na opinião de Smith “é uma música pop idiota, mas, na verdade, é excelente, porque é muito absurda”, declarou Smith, durante entrevista concedida à revista Spin (via Songfacts). “É muito fora do personagem – muito otimista (…). É bom ter esse contrapeso. As pessoas acham que devemos ser líderes de algum tipo de ‘movimento sombrio’. Eu poderia ficar sentado e escrever músicas sombrias o dia todo, mas não vejo sentido nisso”, complementou o frontman do The Cure.
E músicas incríveis muitas vezes não são pensadas, ou construídas com grande esmero por seus autores, elas simplesmente nascem, surgem em momentos inesperados. E foi assim também com ‘Friday…’, como disse Smith em uma entrevista à Guitar World “Lembro-me de estar dirigindo para casa em uma sexta-feira à tarde, para ter o fim de semana livre. Comecei a pensar em uma sequência de acordes muito boa. Então, dei meia-volta e voltei para casa. Na verdade, nós a gravamos naquela noite de sexta-feira. Daí em diante, ela sempre foi chamada apenas de ‘Friday’. Depois, quando comecei a escrever a letra, pensei: por que não faço uma música sobre esse sentimento de sexta-feira? É algo que você tem na escola, e muitas pessoas trabalham em empregos que não gostam muito [também têm]. Portanto, aquela sensação de sexta-feira à tarde é algo que você espera ansiosamente”.
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Tem um ditado que diz que que “água morro abaixo e fogo morro acima ninguém segura”, e assim também parece ser quando os deuses da música decidem que uma composição vai ser um hit, se liga no que Smith falou em entrevista à NME em 2008 sobre os acordes usados na melodia, “‘Friday, I’m In Love’ não é uma obra de gênio. Foi quase uma música calculada. É uma progressão de acordes muito boa – eu não conseguia acreditar que ninguém mais a tivesse usado e perguntei a muitas pessoas na época: ‘Eu devo ter roubado isso de algum lugar, não é possível que eu tenha inventado isso’. E ele continua, “no mesmo álbum, havia músicas que eu havia trabalhado arduamente e que, na época, eu achava que eram infinitamente melhores, mas ‘Friday…’ é provavelmente a música do álbum ‘Wish’ que é A música.”
Duas outras músicas do álbum “Wish” fizeram grande sucesso, trata-se de “High” e ” A Letter To Elise”. A primeira é uma celebração de como uma pessoa pode amar e estar cativada por outra. A segunda é uma baladinha melancólica que explora assuntos como a dificuldade de deixar assuntos do passado para trás, despedidas e desilusões amorosas. Na opinião desse que vos escreve, claramente essas duas canções foram muito mais trabalhadas pela banda, mas não tiveram o mesmo impacto que ‘Friday’, como a história viria a mostrar. De repente o idiota não é de todo mal.
Por: Gionei “Pollenta” Cambruzzi Fhynbeen, Jornalista, Locutor e Produtor da Rádio 92 FM de Caçador. Apresentador do Programa 92 In Rock que vai ao ar todos os sábados das 18h às 20h na emissora.
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