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Hackney Diamonds, o novo disco dos Stones, uma análise música a música

Grandioso, emblemático e com a reunião de vários ícones da música mundial, o melhor disco dos Stones em décadas

Fonte:
Redação/PortalRBV

O que se pode fazer em 18 anos? É o tempo de uma pessoa nascer e conquistar a maioridade penal no Brasil, por exemplo. Podem acontecer quatro edições da Copa do Mundo de Futebol, quatro eleições presidenciáveis, ou então, é possível fazer de três à quatro graduações acadêmicas. Dezoito anos, foi exatamente esse o tempo que a banda The Rolling Stones levou para lançar um novo disco com músicas inéditas. Foram quase 20 anos para lançar aquele que já podemos falar que é o disco mais importante do século 21.

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São 12 novas canções muito bem distribuídas em um álbum perfeito. Canções que contam com as participações de Elton John, Stevie Wonder, Lady Gaga e o titã e sempre “rival” Paul Mc Cartney. Mas, fora isso, estão inclusos nesse trabalho Andrew Watt, produtor de 32 anos (quase 50 a menos que Jagger e Richards), que já trabalhou com outras lendas como Ozzy Osbourne, Elton John, Iggy Pop e Pearl Jam. Também faz parte dos Stones um tal de Steve Jordan, baterista escolhido pelo lendário e já falecido Charlie Watts (baterista original dos Stones), para substituí-lo após a sua partida.

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Andrew Watt trabalhou como uma espécie de árbitro entre Jagger e Richards que não vinham conseguindo se entender naquilo que seria o novo álbum. Watt foi o responsável por escolher 12 entre 100 canções inéditas e equilibrar tudo entre blues, country, classic rock e alguns momentos mais experimentais. Jordan, por sua vez, dá um dinamismo a mais para a banda que Charlie não conseguia dar. E longe de mim querer julgar quem é o melhor, trata-se apenas de dinamismo e de diversidade. É difícil imaginar Watts em uma canção como Angry ou Bite My Head Off.

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Angry, música que abre Hackney Diamonds, foi disponibilizada uma semana antes (como uma espécie de single) do disco, e ali já dava para se imaginar que nos surpreenderíamos com o que viria pela frente. Essa, de toda a coleção de 12 canções, é a mais stoneana, conta com um refrão grudento e leve como apenas os Stones sabem fazer. Letra cara de pau, bem ao estilo de Mick Jagger e a melodia bem “largada” e “de boa” como gosta Keith Richards.

Na sequência vem Get Close, uma canção que até anuncia a participação de Elton John, mas o piano está bem colocado e posicionado junto a melodia, e isso não faz com que ele já roube a cena. É de fato uma canção muito mais contemporânea, diferente do que vimos os Stones fazendo em 60 anos de estrada. Ouvindo Get Close tive a impressão de que ela “explodiria” a qualquer momento, e ela explodiu num inesperado solo de saxofone. Ouvindo pela primeira vez, ali percebi que os caras não estavam para brincadeira e o disco todo seria uma grande e bela surpresa.

Depending On You dá uma quebrada na empolgação que suas antecessoras traziam, talvez não seja o melhor lugar para uma balada quase country dentro do álbum, mas é uma canção perfeita e admirável onde até os teclados estão bem colocados, e os backing vocals entram mesmo apenas onde são necessários. Jagger, nos seus 80 anos, mostra que seu timbre, potência e amplitude vocal estão mais perfeitos que nunca. A letra trata de um dos momentos mais introspectivos de Jagger em toda a sua carreira, soa como um “não há tempo a perder”.

Após 26 discos de inéditas chegou a hora de experimentarmos aquela que talvez seja a música mais “pesada” da carreira dos Stones. E que tal juntar a ela aquele que sempre fora apontado como o seu maior rival, é aqui que Sir Paul McCartney surge e, em vez de tocar uma de suas tradicionais linhas de baixo, “simplesmente” ligou uma distorção e tocou “reto”, um verdadeiro lorde. Não passa, de forma alguma, despercebido o solo de guitarra de Richards, talvez o mais enérgico de todo o álbum.

Modulações de guitarra e aquele Stones clássico que muito bem conhecemos casam perfeitos na Whole Wide World, escolhas que fizeram com que essa música ganhasse uma veia quase que alternativa. O refrão sutilmente melancólico encaixou-se perfeitamente e representa mais um acerto entre as 12 inéditas.

Nesse disco há tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que um mergulho no country/blues como oferece a bela Dreamy Skies, parece até um momento de descanso para o que ainda estaria por vir dentro desse estonteante disco.

Mess It Up, é uma das duas canções ainda gravadas com Watts na bateria e é impressionante como a dinâmica muda já de cara. Watts esbanja groove (quase uma disco music) e dá à canção a personalidade 100% stoneana. Ah! Aguarde pelo momento em que a melodia para e Jagger surge com um falsete.

Live By The Sword é a segunda música com Watts à frente das baquetas. Essa canção também traz de volta o baixista original dos Stones, Bill Wyman e Elton John com seu piano muito bem posicionado atrás das guitarras. É a faixa mais canastrona do disco e traz um forte apelo emocional por reunir Mick Jagger, Keith Richards, Ronnie Wood, Bill Wyman e Charli Watts.

E como captar a sinergia entre Keith e Ron, coisa rara de se encontrar, se não em uma seção de gravação ao vivo? É exatamente o que acontece em Driving Me Too Hard. Um country rock daquele jeitinho que somente os Stones fazem.

Keith não “deixa baixo” e assume os vocais na belíssima Tell Me Straight, música bastante melancólica onde o astro demonstra várias de suas reflexões que apenas um senhor do mundo em seus 80 anos teria como fazer. Tell em alguns momentos soa quase que como uma power ballads dos anos 1980/90.

Sounds of Heaven é quase um gospel, mas funciona muito bem no disco. Difícil cravar que é a mais bela canção desse trabalho inédito, ela une os Stones à Stevie Wonder que “desenha” a melodia toda com suas teclas e Lady Gaga que aparece timidamente e vai ganhando campo dentro da canção. Gaga dá um show à parte com seus agudos. Novamente, como captar esse tipo de resultado se não com todas essas lendas da música juntas em um estúdio ao mesmo tempo? Impossível. Aqui sim percebemos a necessidade do “ao vivo no estúdio”.

Lembram quando eu disse que talvez o lugar da Depending You não fosse logo na faixa três do disco, pois então, Sounds of Heaven causa um estrondo gigantesco que faz com que a última canção, Rolling Stone Blues, cover de Muddy Waters, se pareça com um bônus. Depois de tudo que o disco apresentou, da grandiosidade que Hackney Diamonds traz à tona, ele não teria como encerrar-se de forma melhor, violão e gaita harmônica de Richards e voz de Jagger. Tudo ali, como tudo começou, com os dois que estiveram ali desde o início. Uma bela forma de dizer tchau, ou quem sabe, até breve.

Os velhos estavam com vontade de fazer o disco, não apenas cumprir um contrato como muitas vezes aconteceu. Por isso Hackney Diamonds soa tão divertido e é muito prazeroso de se ouvir. Cravo aqui com a mais absoluta certeza que é o melhor disco dos Stones em algumas décadas.

Resenha do álbum Hackney Diamonds, da banda The rolling Stones – por Gionei “Pollenta” Cambruzzi Fhynbeen, Jornalista, Locutor e Produtor da Rádio 92 FM de Caçador. Apresentador do Programa 92 In Rock que vai ao ar todos os sábados das 18h às 20h na emissora.

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