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Chuvas no RS são sintomas de uma crise climática que se avoluma

Nas últimas semanas, os noticiários têm sido marcados por imagens assustadoras das fortes chuvas que têm assolado a região Sul do país, em especial o Rio Grande do Sul. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu em apenas quatro dias o triplo da média para esta época do ano. Segundo a Defesa Civil, já são 13 mortos e 20 desaparecidos.

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Uma das regiões mais afetadas, o Vale do Taquari, havia passado por uma tragédia semelhante em setembro do ano passado. Fato é que eventos climáticos extremos têm aumentado no Brasil, e é importante entender que estão relacionados, em alguma medida, com a mudança do clima.

Agravada pelas emissões graduais de gases de efeito estufa (GEE), a mudança do clima é um dos principais problemas enfrentados pela humanidade atualmente, e se manifesta de diferentes formas pelo planeta. Enquanto a cidade de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos enfrentava a pior enchente de sua história em meados de abril, em fevereiro, Nova York, nos Estados Unidos, passou por uma das piores nevascas dos últimos anos.

Isso nos mostra que o aquecimento global provocado pelos GEE, e acelerado nas últimas décadas pelo nosso modo de produção capitalista, faz com que ocorra um desequilíbrio dos sistemas terrestre, ocasionando, assim, o aumento de eventos climáticos extremos.

Em algumas notícias recentes têm sido comum a aparição do termo “desastre natural”. Entretanto, trata-se de uma expressão inadequada uma vez que, ainda que fortes chuvas não possam ser evitadas, é possível minimizar suas consequências para as comunidades eventualmente afetadas.

Além disso, há cada vez mais sistemas eficazes de previsão que podem ser usados, por exemplo, para retirar um conjunto de pessoas de uma região de risco com algum tempo de antecipação. A literatura da área chama estratégias dessa natureza como medidas de adaptação. É fundamental que as lideranças políticas estejam atentas a isso para que cidades e regiões que têm tido uma incidência cada vez mais alta desses eventos incorporem estratégias adequadas em suas políticas públicas para o médio e o longo prazo.

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No dia 02 de maio o presidente Lula viajou para Santa Maria acompanhado de Ministros e se encontrou com Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul. O governo federal se comprometeu a contribuir financeiramente e com as Forças Armadas em ações emergenciais. Em suas falas, tanto o presidente quanto o governador mencionaram que a prioridade são as vidas das pessoas da região e o suporte aos atingidos e, posteriormente, após uma avaliação, será a hora de pensar na reparação dos danos.

O problema é que esta abordagem serve apenas como paliativa e não trata a raiz do problema. É comum que as sociedades contemporâneas em casos de tragédias ambientais tratem apenas a superfície do problema, ou seja, apoiam as vítimas e depois falam de reconstrução.

Há inclusive, dentro do Acordo de Paris, assinado pelos países em 2015, dentre eles o Brasil, um mecanismo de perdas e danos que oferece uma abordagem um pouco mais ampla, levando em conta a responsabilidade histórica de países desenvolvidos, mas até hoje trata-se de um tema de amplas discussões não consensuadas nas reuniões internacionais.

Eventos climáticos extremos são indicadores de uma crise climática que se avoluma com o passar do tempo. Tal como qualquer país, o Brasil depende de um clima equilibrado para a manutenção e o crescimento de suas atividades econômicas. Além das vidas perdidas, que devem ser, evidentemente, a prioridade das políticas públicas, há que se considerar o impacto para as demais vítimas e para os sistemas produtivos das cidades e do campo.

Torna-se cada vez mais urgente que esse assunto seja colocado em pauta não apenas quando tragédias, como a do Rio Grande do Sul acontecem, e que leve em consideração ampla ciência produzida até o momento.

Victor Nascimento

Professor de Relações Internacionais e estudioso das mudanças climáticas. Ele assina quinzenalmente a coluna RBVerde.

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