Um vídeo registrado por moradores de Joinville, no Norte de Santa Catarina, chamou atenção ao mostrar um avião aparentemente parado no céu após a decolagem.
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A aeronave havia acabado de decolar com destino a Campinas (SP) quando o efeito visual surpreendeu quem filmava. Carlos Raphael Rocha, doutor em física e professor da Udesc Joinville, explicou que a ilusão é comum e amplificada pela perspectiva de quem grava.
“É possível realmente que um avião fique parado no ar. Basta que o vento esteja na mesma velocidade que o avião precisa para decolar. Para aviões pequenos, isso fica perto de 80 km/h. Só que o avião do vídeo é uma aeronave comercial e a velocidade do vento precisaria ser acima de 200 km/h, algo que é muito difícil de acontecer”, afirmou.
A gravação viralizou nas redes sociais e gerou especulações ligando a cena aos fortes ventos de um ciclone extratropical que atingiu a região na terça-feira (9).
O fenômeno observado no vídeo é chamado de efeito de paralaxe, quando objetos em movimento parecem deslocar-se de maneira diferente dependendo do ponto de observação.
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A câmera, funcionando como um “único olho”, não registra a percepção de profundidade que os olhos humanos têm.
Rocha ressaltou que o efeito não é exclusivo da aviação e pode ser observado no cotidiano.
“Vemos isso o tempo todo quando andamos de carro, ônibus, bicicleta ou mesmo a pé. Se algo estiver à esquerda de um poste, podemos nos locomover e fazê-lo aparecer do outro lado. Se os dois corpos se movimentam, o efeito é mais pronunciado”, explicou.
Para demonstrar de forma simples, o professor sugere um teste prático: “Feche um de seus olhos e use a mão para esconder um objeto distante. Depois, abra este olho e feche o outro. Você verá que o objeto mudou de posição. Isso ocorre por causa da posição de nossos olhos, que permite perceber profundidade, algo ausente em uma câmera.”
O especialista reforçou que a gravação viral mostra apenas uma ilusão óptica, e não qualquer fenômeno meteorológico ou risco para a aviação.
“Como a câmera não possui percepção de profundidade, perde-se a noção de parado ou de movimento. Pessoas que perdem a visão de um dos olhos também têm essa percepção prejudicada”, concluiu.

