O jovem acusado de matar três crianças e duas professoras em uma creche em Saudades, no Oeste catarinense, em maio de 2021, começa a ser julgado nesta quarta-feira (09). O homem também responde por 14 tentativas de homicídio.
A chacina foi cometida na manhã do dia 4 de maio de 2021 em Saudades, cidade com pouco mais de 10 mil habitantes. O jovem, que tinha 18 anos na época, invadiu a Escola Infantil e Berçário Pró-Infância Aquarela com uma adaga e deu golpes em várias pessoas que estavam no pátio e nas salas da unidade. No ataque, morreram duas professoras (Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos; e Mirla Amanda Renner Costa, de 20 anos) e três crianças (Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses; Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses; e Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses).
Um outro bebê, Henrique Hübler, de 1 ano e 8 meses, levou vários golpes no rosto e chegou a ser internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas sobreviveu. Após o ataque, o autor tentou tirar a própria vida e foi levado em estado grave para um hospital da região, sobrevivendo também. O jovem recebeu alta no dia 12 de maio e, do hospital, foi levado direto para o presídio.
Na época, o delegado responsável pelo caso, Jerônimo Marçal, definiu o autor do massacre como “um rapaz problemático e introspectivo”, que sofria bullying na escola, maltratava animais, passava muito tempo em casa e não gostava de socializar. O delegado também classificou as duas professoras mortas como “heroínas”, já que, após serem atacadas, conseguiram impedir que o jovem chegasse a outras salas.
De acordo com a investigação, o jovem não tinha um “motivo específico” para atacar a escola, mas possuía um “ódio generalizado” e queria descarregá-lo em alguém. A escolha pela creche foi por causa da fragilidade das vítimas. O crime teria sido planejado por 10 meses.
Julgamento
Em outubro de 2022, a Justiça de Santa Catarina determinou que o jovem fosse a júri popular por cinco homicídios consumados e 14 tentados, todos qualificados por motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas. O julgamento será na Comarca de Pinhalzinho, cidade vizinha à Saudades.
Os advogados do autor do massacre chegaram a tentar mudar o local do julgamento, já que, segundo a defesa, “Pinhalzinho é município pequeno, em que todos os munícipes se conhecem e todos sabem o que aconteceu, além de que boa parte das pessoas que compõem a lista dos jurados tem a mesma profissão que algumas das vítimas, o que as torna parciais.”
A decisão foi negada por desembargadores do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que alegaram que o caso teve repercussão internacional e, por isso, “todo mundo sabe o que aconteceu, em todo lugar”. O julgamento está previsto para começar às 8h30 desta quarta-feira (9).