Maduro coloca a democracia venezuelana em cheque, após as eleições que ocorreram no último domingo. O pleito já era um dos mais visados em toda a América Latina, haja vista que o atual presidente vinha dando sinais cada vez mais antidemocráticos. Com isso, inúmeros países e organizações mundiais de observadores passaram a analisar a situação do país, cobrando eleições limpas.
Para se ter uma compreensão da situação delicada imposta por Maduro, as cédulas eleitorais tinham mais de uma dezena de fotos suas. Seus concorrentes tinham apenas uma cada. Para entender a situação, o repórter Ernesto Júnior conversou com o analista de política internacional, Bruno Haeming.
Durante a campanha, as pesquisas mostravam possíveis cenários para o resultado. Em alguns casos, Edmundo González, candidato de oposição, apresentava números na casa dos 50 até 60%. Já de outro lado, alguns levantamentos colocavam Maduro em primeiro lugar. Com essa situação, segundo Haeming, o pleito eleitoral já foi colocado em suspeição.
“O resultado que a gente viu acontecer e que apareceu agora com a vitória proclamada por Nicolas Maduro com pouco mais de 50% dos votos e González com 44% está sendo disputado. Muitas reações estão sendo vistas pela comunidade, tanto do Mercosul quanto da América Latina e de outros países”
Maduro coloca a democracia venezuelana em cheque; assista:
Brasil vem desenvolvendo papel importante na região
O Brasil, como em outras situações, como foi o caso da questão de Essequibo, vem se colocando como um dos principais articuladores na geopolítica regional. Porém, o analista destaca que essa situação coloca o Brasil em cima do fio da navalha. “O Celso Amorim, que foi lá como um representante do presidente Lula, […] ele foi lá acompanhar e ele não falou ainda se reconhece ou não”, comenta.
“Diz que vai esperar o resultado das atas. Caso as atas não sejam liberadas, não vai reconhecer, diz que não vai reconhecer”
O analista destaca ainda ser observável cada vez mais as situações que estão sendo realizadas em território venezuelano pelo atual governo. Com essa questão que vem sendo observada, o analista afirma que Maduro, na eminência de perder uma eleição, acaba por gerar um possível acirramento. “Falando que vai fazer isso para conter uma possível ameaça externa”.
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Durante muitos anos, parceiro político da Venezuela, o Brasil vem adotando posições de resguardo e de oposição à atual política. Ainda nesta semana, uma cena até então impensável aconteceu. Opositores políticos e ideológicos, Lula e Javier Milei trabalharam em conjunto.
O fato aconteceu quando a Argentina não reconheceu a eleição de Maduro, fazendo com que o governo venezuelano expulsasse a embaixada do país. Com isso, o Brasil assumiu os trabalhos e o cuidado do espaço, que segundo informações abriga exilados políticos.
Ainda na noite desta quinta-feira, 1º, o governo estadunidense emitiu um comunicado oficial de não reconhecimento do resultado divulgado, reconhecendo assim que Edmundo González seria o novo presidente do país latino-americano.
Electoral data overwhelmingly demonstrate the will of the Venezuelan people: democratic opposition candidate @EdmundoGU won the most votes in Sunday’s election. Venezuelans have voted, and their votes must count.
— Secretary Antony Blinken (@SecBlinken) August 2, 2024