Durante a reunião do programa Alesc Itinerante, realizada na última quarta-feira (11) em São Miguel do Oeste, a crise enfrentada pelos produtores de leite e suínos dominou o debate da Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural. A situação vivida por agricultores do Extremo-Oeste de SC acende um alerta sobre o futuro da produção agropecuária da região.
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Representantes das cadeias produtivas denunciaram dificuldades estruturais que colocam em risco a continuidade da atividade no campo. Eles pediram apoio mais efetivo do poder público para manter a viabilidade econômica das propriedades rurais.
Tiago Kroetz, presidente do Núcleo Regional de Suinocultores do Extremo-Oeste, destacou a importância da suinocultura para a economia local. No entanto, segundo ele, o setor enfrenta sérios desafios, especialmente em relação à legislação ambiental.
“O produtor comprou a terra, paga imposto e não recebe nada por fazer essa preservação”, criticou Kroetz, referindo-se à obrigatoriedade de manter reservas legais sem compensações financeiras.
Outro ponto sensível é o desconhecimento da Lei Federal 13.288/2016, que regulamenta o sistema de integração entre agroindústrias e produtores.
Kroetz apontou que a maioria dos produtores desconhece seus direitos. “As empresas escondem essa lei dos produtores. Ela precisa ser conhecida e cumprida”, afirmou com veemência.
Além disso, ele alertou para a dificuldade em manter a sucessão familiar no campo. “O material escolar fala mal do agronegócio. Como vamos formar sucessores assim?”, questionou.
A cadeia leiteira também vive momento crítico. Vanderley Rutkoski, presidente da Microrregião das Três Fronteiras, afirmou que o baixo preço do leite, agravado pela concorrência com o produto importado do Mercosul, compromete a atividade.
“O produtor investe para oferecer um leite de qualidade, mas não consegue cobrir os custos”, declarou.
A desvalorização do leite tem impacto direto na economia dos pequenos municípios. Rutkoski destacou ainda as dificuldades de manter as novas gerações no campo.
“Se o leite não dá retorno, como vou convencer meu filho a continuar na propriedade?”, desabafou.
Aprovação de Lei
Durante o encontro, também foi aprovado o Projeto de Lei 59/2022, que reconhece Epagri, Cidasc e Ceasa como instituições públicas de relevante interesse social e econômico para o estado.
A proposta, do deputado Fabiano da Luz (PT), recebeu apoio de Mário Motta (PSD) e Volnei Weber (MDB), que ressaltou: “A atuação dessas empresas é essencial para o fortalecimento do setor agropecuário catarinense”.