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Monitoramento de carbono deverá elevar apicultura a novo patamar

Projeto pioneiro do Sebrae vai impulsionar uma apicultura sustentável, com certificação ambiental e potencial de competitividade no mercado externo

Fonte:
Assessoria de Imprensa

No coração do Planalto Norte de Santa Catarina, a comunidade de Maquinista Molina, em Porto União, abriga uma iniciativa inovadora que promete transformar a apicultura da região. A Associação de Apicultores Molimel, criada para apoiar seus associados e fomentar o desenvolvimento sustentável na produção de mel, está prestes a receber do Sebrae/SC, através do Polo Sebrae Agro, uma ferramenta inovadora de avaliação de emissão de gases de efeito estufa e mitigação. Essa tecnologia, em fase de testes finais, promete elevar o produto regional a um novo patamar de competitividade e sustentabilidade.

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A Molimel nasceu com o objetivo de representar e defender os interesses dos apicultores locais, que, em grande parte, vêm de famílias que há gerações trabalham na roça. A apicultora, Eliane Ribeiro dos Santos Mitzko, que também é secretária da Molimel, explica: “A associação surgiu com a mudança das leis ambientais, quando deixamos de trabalhar com o cultivo tradicional, como roça de toco, que já não era mais permitido.

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A apicultura apareceu como uma alternativa sustentável e viável para a nossa região, e com o apoio de projetos governamentais, conseguimos estruturar a Casa do Mel e iniciar as atividades”. Atualmente a associação reúne 34 apicultores de Santa Catarina e do Paraná, e é reconhecida por sua capacidade de extração e envase de mel, que atende a padrões rigorosos de qualidade e segurança alimentar.

A ferramenta de avaliação de emissão de gases de efeito estufa e mitigação é um projeto desenvolvido pelo Sebrae/SC, por intermédio do Polo Sebrae Agro, e visa oferecer um diagnóstico completo das emissões e do sequestro de carbono nas propriedades rurais.

Com um sistema simples e intuitivo, os apicultores poderão verificar as emissões provenientes das atividades, bem como calcular o quanto a vegetação nativa e os processos adotados nas propriedades contribuem para o sequestro de carbono.

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O presidente da Molimel, Laercio Carlos Staciaki, comenta que o projeto representa um diferencial para os apicultores. “As pessoas valorizam cada vez mais produtos sustentáveis e certificados, e essa ferramenta é uma grande oportunidade para mostrarmos o valor e o diferencial do nosso mel”, explica.

O coordenador do Polo Sebrae Agro, Douglas Paranahyba de Abreu, ressalta a importância estratégica da iniciativa para o agronegócio brasileiro e a visão do Sebrae ao propor a ferramenta.

“A iniciativa de monitoramento de carbono começou em Santa Catarina, com o objetivo de desenvolver uma metodologia sólida que realmente traga dados concretos para a sustentabilidade no agronegócio. Hoje se fala em sustentabilidade, mas ainda temos poucas ferramentas para medir esse impacto e definir metas claras. O Sebrae percebeu essa necessidade e enxergou que grandes agroindústrias, principalmente as que exportam, seriam beneficiadas se os pequenos produtores rurais com os quais elas se relacionam tivessem como medir seu nível de sustentabilidade. Foi a partir dessa visão que levamos essa proposta ao Polo Sebrae Agro, hoje em Goiás, para que pudéssemos expandir a metodologia para outros biomas no Brasil. Estamos em sete estados, com parcerias locais, aplicando a ferramenta em 30 propriedades por bioma, e agora nosso foco é automatizar o processo para facilitar o monitoramento de emissões nas pequenas propriedades rurais”.

Em relação ao mel. a primeira fase de testes da ferramenta envolveu 14 propriedades de associados a Molimel, e os resultados foram animadores.

A ferramenta identificou que essas propriedades mantêm um balanço positivo entre as emissões e o sequestro de carbono, ou seja, as propriedades sequestraram mais carbono do que emitiram durante o período considerado, o que demostra que há um compromisso com práticas ambientalmente responsáveis.

Como parte do projeto, está em planejamento pelo Polo Sebrae Agro, a criação de um “selo de mel proveniente de propriedade rural descarbonizada”, que garantirá ao consumidor que o mel produzido pela Molimel segue práticas de descarbonização destacando-se entre os demais produtos convencionais.

A descarbonização consiste no emprego de técnicas e processos que resultem em menores emissões a atmosfera. Esse selo poderá agregar ainda mais valor ao mel produzido na região, aumentando a sua competitividade, principalmente no mercado internacional.

A ferramenta de monitoramento de carbono

Desenvolvida ao longo de quatro anos, em uma parceria estratégica com o Sebrae/SC, pelo Polo Sebrae Agro, a ferramenta de avaliação de carbono é projetada para oferecer uma análise completa das emissões de gases de efeito estufa e do sequestro de carbono em propriedades rurais.

Essa inovação, assim que for lançada, estará acessível a produtores de diferentes portes, que, com um sistema intuitivo, vão conseguir obter diagnósticos detalhados sobre o as emissões e sequestro de carbono de suas atividades e implementar práticas que promovam a sustentabilidade.

A ferramenta encontra-se em etapa de validação pela Resonare Engenharia e Meio Ambiente, mas é desenvolvida a pedido do Sebrae/SC. um dos responsáveis pela concepção da ferramenta, Leonardo Batistel, destaca a praticidade e a versatilidade do sistema.

“Nós desenvolvemos essa ferramenta pensando em um cenário abrangente na apicultura. Ela pode ser usada tanto em pequenas propriedades familiares quanto em grandes fazendas, considerando as peculiaridades de cada bioma e da região onde a produção é realizada”.

A ferramenta avalia, por exemplo, as emissões de metano oriundas da fermentação entérica de animais e o uso de fertilizantes nitrogenados, identificando as atividades que mais contribuem para as emissões de gases de efeito estufa.

Por outro lado, o sistema também calcula o sequestro de carbono nas áreas de vegetação nativa e de silvicultura, oferecendo um panorama completo sobre o balanço ambiental da propriedade. A partir dos dados coletados, a ferramenta fornece recomendações personalizadas para que os produtores possam ajustar suas práticas, visando reduzir as emissões e otimizar o sequestro de carbono.

“Com o diagnóstico da ferramenta, o produtor pode entender quais áreas da propriedade contribuem para o sequestro de carbono e ajustar suas práticas de manejo. Essa é uma mudança significativa que promove uma gestão mais sustentável”, complementa Leonardo.

Taise Perondi também está envolvida no desenvolvimento. Para ela, a ferramenta representa mais do que um diagnóstico ambiental; ela traz uma nova perspectiva de competitividade para o setor rural brasileiro.

“Essa inovação vai além do monitoramento, permite que os produtores agreguem valor ao seu produto, demonstrando práticas sustentáveis que são cada vez mais exigidas no mercado internacional. Possibilita um diferencial competitivo importante, principalmente em relação ao mercado externo, onde a demanda por produtos sustentáveis é crescente”, explica Taise.

A ferramenta não só permite que os produtores monitorem suas emissões com facilidade, mas também abre portas para oportunidades econômicas promissoras, como o mercado de créditos de carbono.

Com um diagnóstico positivo de sequestro de carbono, as propriedades rurais podem se qualificar para comercializar créditos de carbono, uma nova fonte de renda para produtores que adotam práticas ambientalmente responsáveis.

“Mais do que uma simples ferramenta, queremos criar uma rede nacional onde produtores de pequeno porte possam monitorar suas práticas e avançar no tema da sustentabilidade. A ideia é viabilizar esse inventário de carbono para o pequeno produtor e criar, se tudo der certo, uma solução em escala, com atendimento em massa. Pensamos também em apresentar os resultados e o impacto dessa iniciativa na COP30, que acontecerá aqui no Brasil, em 2025. Essa é a nossa visão para o futuro da sustentabilidade no agronegócio brasileiro” explica o coordenador do Polo Sebrae Agro, Douglas Paranahyba de Abreu.

Neste sentido, por meio da tecnologia, produtores da Molimel podem evidenciar o compromisso com práticas sustentáveis e atender às exigências de certificação ambiental, posicionando o mel produzido no Paraná e Santa Catarina em um mercado cada vez mais competitivo e ambientalmente consciente.

A Molimel busca se estabelecer como uma referência em apicultura sustentável, e o desenvolvimento dessas certificações reforça o compromisso.

“Nossa missão é deixar um legado de responsabilidade e respeito ao meio ambiente. Acreditamos que, ao adotar essas práticas, estamos fortalecendo o futuro da apicultura na nossa região,” diz o presidente da entidade Laercio Carlos Staciaki.

Selo de Carbono e impacto social: futuro promissor para a Molimel

A certificação de carbono zero, juntamente com o selo de sustentabilidade e a possibilidade de certificação orgânica, representam novas frentes de crescimento para a os apicultores. Para Laercio, essas certificações são mais do que uma oportunidade de mercado; elas representam uma valorização do trabalho dos apicultores e uma chance de expandir o impacto social e ambiental da apicultura na comunidade.

Eliane espera que, à medida que os resultados do projeto forem visíveis, mais associados adotem práticas sustentáveis e participem das certificações, ampliando o impacto positivo da Molimel.

“Nem todos os apicultores percebem de imediato o valor dessas certificações, mas, conforme forem vendo os benefícios, esperamos que se engajem cada vez mais. Queremos que o consumidor veja nosso produto como algo especial, produzido com respeito ao meio ambiente e à nossa comunidade”.

Embora o mel da Molimel já tenha uma base consolidada no mercado brasileiro, a exportação é um dos objetivos da associação. Hoje, grande parte da produção é vendida a granel para entrepostos que processam e exportam o produto, o que limita o potencial de crescimento da marca no exterior.

“Nós temos o sonho de ver o mel da Molimel sendo vendido com nossa marca no mercado internacional. Com a certificação do SIF, já estamos prontos para exportar diretamente, mas ainda precisamos superar desafios logísticos e encontrar os recursos necessários para investir nesse processo,” afirma Laercio.

Nesse sentido, a criação de um “selo de sustentabilidade”, que garantirá ao consumidor que o mel produzido não trata-se somente de um alimento, mas de uma ferramenta útil no sequestro de carbono, é apontada como um dos grandes diferenciais para competir no mercado externo.

A entidade vem buscando apoio de organizações como a Apex Brasil e participando de cursos de capacitação em exportação para desenvolver um plano de atuação no mercado internacional. A ideia é transformar a Molimel em um exemplo de apicultura sustentável e agregar valor ao mel produzido na região, que já é reconhecido pelo sabor único e qualidade.

A Molimel possui um diferencial não apenas pela qualidade do mel, mas também pela diversidade das floradas locais. Na região, além do mel multifloral, os apicultores produzem mel de floradas específicas, a exemplo de uva japonesa, possui o mel de melato de bracatinga, conhecido pelo sabor marcante e por sua raridade – é produzido apenas a cada dois anos.

“O mel de melato é um dos nossos produtos mais valorizados e um símbolo do trabalho realizado pela associação. Ele possui inclusive o selo de Indicação Geográfica. A produção depende de condições climáticas específicas, o que torna o mel de bracatinga um produto exclusivo da nossa região,” destaca Laercio.

Essa diversidade atrai consumidores e competições, como o concurso da CNA Brasil Artesanal – Edição do Mel, onde um associado da Molimel foi premiado entre 297 concorrentes de todo o país, alcançando a quarta colocação.

“Esse reconhecimento é resultado da dedicação dos apicultores da Molimel. Ver nosso mel sendo reconhecido nacionalmente é gratificante e reforça o valor de nossa produção”, comenta Eliane.

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