O descaminho do vinho é um crime que a cada novo dia vem se tornando comum em Santa Catarina e no Brasil. O Estado acaba por sofrer com o crime de descaminho, pois faz fronteira com a Argentina, um dos principais produtores de vinho na América do Sul.
As rodovias federais e estaduais que cortam Santa Catarina de ponta a ponta são um dos principais gargalos para que o crime seja cometido. BRs como 282, 280, 470 e 153 são os pontos mais criticos.
Diferente de outras regiões, o Meio-Oeste catarinense vem se destacando como uma promissora região na vitivinicultura. Porém, a poucos km’s do estado do Paraná, o posto da Polícia Rodoviária Federal – PRF, encontra-se fechado.
O coordenador de comunicação da PRF – SC, Adriano Fiamoncini, destaca que o efetivo policial atual não comporta o combate efetivo ao crime. “A PRF poderia ter um efetivo muito maior de políciais, não só para combater contrabando, descaminho, mas também para atender acidente, ajudar a população em geral”.
Durante a entrevista, questionamos Fiamoncini sobre o posto da PRF na BR 153 em Água Doce. De acordo com ele, o posto recebe efetivo policial em determinados momentos do ano. Porém, ele pondera, “[…] o ideal seria equipes todos os dias do ano na unidade operacional de Água Doce, para combater diversos crimes e a fiscalizar entre eles o descaminho de vinhos”.
Descaminho do Vinho: o crime cada vez mais comum em Santa Catarina
A PRF – SC divulgou os números oficiais sobre as apreensões realizadas, até o mês de outubro. Em 2023, já foram apreendidos mais de 6 mil litros de bebidas importadas de forma irregular. Durante o período da pandemia da Covid-19, o ano de 2021 registrou números expressivos no Estado, foram 47.833 litros.
O crime, cada vez mais comum, afeta diretamente a produção de vinhos no Estado. Guilherme Grando é vitivinultor e também preside o Sindicato do Vinho de Santa Catarina. Localizada a poucos km’s do posto desativado da PRF em água Doce, a vinícola de Grando é uma das mais importantes do Estado.
Mudança de hábito e novas políticas podem beneficiar o vinho em Santa Catarina
O empresário destaca que os vinhos nacionais possuem um gasto necessário até o seu consumo final. “Uma tributação feita para ter uma extra fiscalidade, ou seja, para te impedir de vender tanto. Que não é o caso do que aconteceu no vinho no mundo todo”.
Para Grando, um dos pontos principais é de que não há contrapartida por parte dos governos para com os vitivinicultores. Ou seja, cobra-se taxas de impostos, que encarecem os produtos, fazendo com que os consumidores não consigam ter acesso aos vinhos.
Outro vitivinicultor da região, Celso Panceri, destaca que a cultura de não consumir produtos nacionais, acaba por afetar diretamente toda a produção e beneficiar o descaminho. “Todos nós temos que ser bairristas, valorizar o vinho brasileiro, de preferência nosso vinho catarinense. […] Nós temos que ter orgulho de consumir o nosso produto”.
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