A bracatinga é uma árvore nativa do Brasil, de grande importância ambiental e alto valor comercial, embora seus usos ainda sejam restritos em Santa Catarina. Para controle e pesquisa Epagri usa drone para coletar dados sobre a bracatinga no estado.
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O mel de melato é um dos produtos mais conhecidos dessa planta no Estado, tendo inclusive recebido Indicação Geográfica (IG), o que destaca suas peculiaridades e qualidades.
A bracatinga é uma espécie nativa e espontânea, já o bracatingal é normalmente produto de cultivos antigos. Mas uma vez formado, ele pode se regenerar, mesmo que após muitos anos de sucessão por outras espécies. Remanescentes de bracatingais são muitas vezes encontrados em terrenos irregulares, pois aceitam solo pobre e resistem ao clima frio.
A bracatinga tem ciclo de vida curto, o que significa que com cinco a oito anos o lenho está completamente maduro para os diversos usos da madeira.
Foi pensando em todas essas características que pesquisadores da Epagri/Ciram e Estação Experimental da Epagri em Lages iniciaram a prospecção do uso de drone em bracatingal.
No dia 20 de março a equipe se reuniu na Fazenda Experimental da Epagri em São José do Cerrito, na qual são conduzidos experimentos com bracatinga, para traçar ações envolvendo a coleta, sistematização e análise de dados obtidos por sensores embarcados em drone, com aplicação no manejo da espécie.
O projeto de pesquisa está sendo submetido ao edital Mulheres na Pesquisa, da Fapesc, e será iniciado caso seja aprovado.
Inventários mais eficientes e operacionais
Cristina Pandolfo, pesquisadora da Epagri/Ciram que coordenará o projeto caso seja aprovado, explica que a ação entre entre as duas unidades de pesquisa busca avaliar as potencialidades de sensores multiespectrais, termais e LiDAR para gerar métricas estruturais da bracatinga.
Assim, através de pesquisa científica, será possível propor métodos de avaliação que permitam reduzir a necessidade de medições, tornando os inventários mais eficientes e operacionais.
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Em sua primeira etapa, o estudo vai estimar o volume da madeira e acompanhar o desenvolvimento do bracatingal localizado na Fazenda Experimental. Para tanto, serão usados índices de vegetação obtidos em experimentos desenvolvidos pela Estação Experimental da Epagri em Lages.
Posteriormente, serão obtidos parâmetros ajustados localmente, incluindo informações sobre a geometria das plantas. A etapa seguinte será o desenvolvimento de uma metodologia para aplicação em povoamentos de ocorrência espontânea e de plantas ou agrupamentos de plantas nas bordas de matas, lavouras ou locais nas pastagens de difícil acesso para bovinos.
Trabalho de medição manual é cansativo e arriscado
Tássio Dresch Rech, pesquisador da Estação Experimental da Epagri em Lages, relata que o trabalho de medição manual da bracatinga é cansativo, pesado, e muitas vezes perigoso, porque a ocorrência dela natural se dá muitas vezes em terreno muito irregular, de difícil acesso, o que dificulta a chegada de equipes com equipamentos. “Nem sempre se consegue um bom trabalho ou equipe para executar, pois a segurança para a atividade pode ser precária”, alega ele.
O pesquisador entende que o uso do LiDAR e de tecnologias espectrais embarcadas em drone facilitaria imensamente a medição. O desenvolvimento de um algoritmo ou um aplicativo que permita quantificar volume, presença, e até a condição de a árvore estar ou não com cochonilha ou fumagina, “seria um sonho”, afirma Tássio.
Segundo ele, quando estiver em uso, a tecnologia proporcionará uma redução imensa de trabalho, custos e risco. “Esse trabalho que a equipe do Ciram faz, capitaneado pela pesquisadora Cristina, é muito importante para nós”, pondera, acrescentando que uma tecnologia como essa poderia auxiliar apicultores a alocar melhor seus enxames e aproveitar mais as produções de pólen, néctar e melato da bracatinga.