O ano de 2023 deverá ser marcado por um inverno atípico em Santa Catarina. Conforme a Epagri/Ciram, entre julho e setembro, a previsão aponta para chuva volumosa e pouco frio. O clima pode afetar a produção agrícola no Estado.
O trimestre terá chuva frequente, em especial nas áreas do Estado mais próximas ao Rio Grande do Sul.
“A previsão é de um inverno de pouco frio, intercalado com períodos mais aquecidos, como ocorreu neste último mês de junho”, ressalta a meteorologista Marilene de Lima, da Epagri/Ciram.
A chuva acima média está associada ao El Niño, com intensidade moderada a forte. O fenômeno também favorece temperaturas entre a média e acima da média. Já as massas de ar frio, serão de curta duração, com maiores chances de veranicos durante o inverno.
O ano de 2023 já se diferencia dos anos anteriores. Entre 2020 e 2022, a La Niña esteve presente e favoreceu dias de frio prolongado, com longos períodos de estiagem no Sul do Brasil.
“O último evento El Niño de intensidade moderada a forte ocorreu em 2015-2016, quando as chuvas foram frequentes e volumosas no Estado, durante o inverno e primavera de 2015”, explica a meteorologista Laura Rodrigues.
Inverno atípico afetará plantações
Para as culturas de inverno, como alho e cebola, o excesso de chuvas pode causar problemas fitossanitários, resultando em aumento nos custos de produção. Além disso, com dias chuvosos é maior o risco de erosão do solo, o que pode gerar prejuízos econômicos significativos aos produtores.
Quanto aos cereais de inverno, com destaque para a cultura do trigo, a preocupação é com a previsão de excesso de chuvas para os meses de outubro/novembro, período que coincide com as fases de maturação e colheita.
Caso as previsões se confirmem, segundo a Epagri, Santa Catarina terá perdas na produtividade pelo aumento da ocorrência de doenças, que prejudicam diretamente a qualidade do grão de trigo, o que reduz o valor comercial do produto.
Plantios de verão também podem sofrer
Segundo a Epagri, as culturas de verão, como milho e soja, podem se beneficiar do aumento das chuvas, desde que bem distribuídas ao longo da primavera.
O cultivo de milho para fins de silagem é favorecido em regiões como Chapecó e São Miguel do Oeste, importantes áreas de produção leiteira. A região concentra cerca de 50% da área cultivada de milho para silagem.
“Nos últimos três anos tivemos períodos de estiagem prolongada, em especial no Extremo Oeste de Santa Catarina e na região do Vale do Rio Uruguai”, relembrou o analista de socioeconomia e planejamento agrícola da Epagri/Cepa, Haroldo Tavares Elias.