A safra 2024/2025 do maracujá em Santa Catarina encerrou com um crescimento expressivo, mesmo diante de condições climáticas desafiadoras. A produção atingiu a marca estimada de 56,8 mil toneladas, o que representa um aumento de 26,2% em comparação com a safra anterior, que fechou com 45 mil toneladas.
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Esse levantamento foi realizado pela Epagri, em parceria com atacadistas e com a Cooperja, no Sul do Estado. Essa região concentra a maior parte do cultivo da fruta em Santa Catarina.
A produtividade média também cresceu de forma significativa. Os pomares catarinenses registraram 28,4 toneladas por hectare, enquanto na temporada anterior o índice era de 22,5 toneladas por hectare.
Apesar do bom desempenho, a estiagem causada pelo fenômeno La Niña e o calor excessivo dificultaram o cenário em parte dos pomares.
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“Apesar do aumento da produção comparado à safra anterior, houve períodos de estiagem que limitaram as produtividades dos pomares sem irrigação. Além da estiagem, tivemos temperaturas excessivas no mês de janeiro, que influenciaram na formação das flores. A principal florada do maracujazeiro-azedo é justamente a do mês de janeiro”, explicou o engenheiro-agrônomo Eusébio Pasini Tonetto, líder do Programa Fruticultura da Epagri no Sul Catarinense.
Mercado e movimentação econômica
O valor médio pago ao produtor pelo quilo do maracujá variou entre R$ 2,30 e R$ 2,50 durante a safra. Com isso, a fruta gerou um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 135 milhões, movimentando a economia agrícola do estado.
Tecnologia, mudas seguras e manejo eficiente impulsionam a produção
Desde 2018, mesmo com o surgimento da virose do endurecimento dos frutos, a produtividade média aumentou 57,7%. Parte desse avanço se deve à adoção de tecnologias modernas e políticas de incentivo.
O extensionista rural da Epagri em Cocal do Sul, Diego Adílio da Silva, destacou que a evolução veio com o programa Mudas Seguras de Maracujá, que promove o uso de mudas com mais de 0,8 metros. “Foram 67 projetos elaborados desde sua criação, totalizando mais de R$ 1,3 milhão investidos pela Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Sape)”, afirma Diego.
Além disso, os produtores passaram a adotar práticas mais eficientes de adubação, tratos culturais, controle de pragas e doenças. Também foi adotado o cultivo do SCS437 Catarina, variedade registrada pela Epagri em 2015, adaptada ao clima local.
“Além disso, tivemos o desenvolvimento de tecnologias e publicações para adubações equilibradas e controle de pragas e doenças em momentos pertinentes”, acrescenta o extensionista.
Irrigação e políticas públicas fortalecem a cultura no estado
Para enfrentar os efeitos da estiagem, o governo estadual, por meio do Programa Água para Todos, apoiou projetos de irrigação. Entre 2024 e agosto de 2025, foram elaboradas 93 propostas de crédito, totalizando 127 hectares irrigados em áreas de cultivo de maracujá.
Santa Catarina se consolida como referência nacional
Hoje, cerca de mil famílias vivem do cultivo do maracujá em Santa Catarina. A área plantada ultrapassa 2 mil hectares, com destaque para o Sul do estado, que representa 90% da produção. O estado é o terceiro maior produtor de maracujá do Brasil, ficando atrás apenas do Ceará e da Bahia.
A colheita da fruta começa em dezembro e segue até meados de julho, movimentando milhares de empregos diretos e indiretos no campo.