O dia 31 de março de 2008 marcou o início oficial do Programa de Identificação de Bovinos e Bubalinos em Santa Catarina. Em poucos meses, milhões de animais dessas espécies foram identificados com brincos numerados, até que todos os rebanhos do estado estivessem completamente catalogados.
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Essa identificação individual permitiu o acompanhamento preciso de toda a movimentação dos animais, desde o nascimento até o abate, e foi uma medida de controle essencial para garantir que o estado mantivesse o status de área livre de febre aftosa sem vacinação junto à Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa).
“Além de ser uma obrigação, a identificação individual de nossos bovinos e bubalinos em Santa Catarina, com o uso de brincos, nos coloca em uma posição diferenciada, pois permite o controle da quantidade e da localização do rebanho. Isso facilita o trabalho da Cidasc, que pode planejar ações de sanidade animal de maneira eficiente em todo o estado, atendendo tanto as pequenas quanto as grandes propriedades rurais com o mesmo rigor e cuidado. Em caso de surtos de doenças graves para a pecuária, essas informações possibilitam uma resposta rápida e precisa, encerrando o foco sanitário. Esse é o conceito de rastreabilidade”, afirma Celles Regina de Matos, presidente da Cidasc.
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Com esse projeto inovador e com a febre aftosa erradicada, Santa Catarina conseguiu expandir o mercado para a carne suína e bovina, já que ambas as espécies são suscetíveis à doença.
O projeto foi liderado pela Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), com o apoio do Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa) e de importantes entidades do agronegócio, como a Organização das Cooperativas de Santa Catarina (Ocesc), a Federação da Agricultura de Santa Catarina (Faesc), a Federação dos Trabalhadores em Agricultura de Santa Catarina (Fetaesc) e o Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de SC (Sindicarne).
O Governo do Estado e a Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária, conscientes da importância desse projeto, deram todo o suporte necessário para sua implementação desde o início.
“Essa trajetória exemplar permitiu que Santa Catarina se tornasse uma referência no cuidado com a saúde animal, mostrando transparência em toda a cadeia produtiva, do campo ao mercado consumidor. Esse compromisso reforça a segurança sanitária do rebanho catarinense e leva nossos produtos para os mercados mais exigentes do mundo”, destaca Carlos Chiodini, secretário de Estado da Agricultura e Pecuária.
A cerimônia de 31 de março de 2008 foi amplamente prestigiada e simbolizou o início oficial do sistema de identificação individual dos bovinos e bubalinos em Santa Catarina. O então governador Luiz Henrique da Silveira, o secretário de Estado da Agricultura Antônio Ceron e o presidente da Cidasc, Edson Henrique Veran, receberam para o evento em Florianópolis o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, o presidente da Comissão de Agricultura do Senado Italiano, Paolo De Castro (ex-ministro da Agricultura), e o presidente da União de Importadores de Carnes e Derivados da Itália, Renzo Fossato.
A presença de autoridades internacionais já sinalizava a importância que o projeto teria para a pecuária catarinense e para as exportações de carne. Com o rebanho completamente identificado, Santa Catarina passou a demonstrar a rastreabilidade dos animais, desde sua propriedade de nascimento até o abate, comprovando seu estado sanitário.
Seguindo o plano de ação, com o trabalho conjunto de diversas equipes, foi possível identificar todo o rebanho catarinense até o final de 2008. Pela primeira vez, o estado soube com precisão a quantidade e a localização de todos os bovinos e bubalinos em seu território.
Para alcançar esse objetivo, o projeto foi implementado em municípios piloto em cada região de Santa Catarina. Matos Costa, município do Meio Oeste catarinense, foi um dos primeiros a ser atendido pelo Departamento Regional de Caçador da Cidasc. Em 2008, os estados vizinhos ainda vacinavam o gado contra a febre aftosa, alcançando o status de zona livre de febre aftosa somente em 2021.
O médico-veterinário Luís Felipe Sperry Bratti, que na época era contratado pelo ICASA e atualmente é funcionário concursado da Cidasc, além de gestor do Departamento Regional de Caçador, esteve diretamente envolvido no projeto piloto em Matos Costa. Ao seu lado, o médico-veterinário Fábio de Carvalho Ferreira, que hoje coordena o programa de rastreabilidade bovina e bubalina.
“Sabíamos desde o início que a tarefa não seria simples. Recebíamos os brincos e, à noite, organizávamos os kits para o trabalho do dia seguinte. Formamos seis equipes, trabalhando em duplas. Uma equipe avisava os produtores rurais, para que deixassem os animais reunidos, agilizando a aplicação do brinco na data marcada”, relembra Bratti.
Bratti recorda que foram necessárias duas a três semanas de trabalho intenso, com a participação de profissionais da Cidasc e do Icasa, para identificar cerca de 6.000 bovinos em 400 propriedades rurais de Matos Costa. “Naquela época, não tínhamos o Sigen+ (Sistema de Gestão Agropecuária), então os registros eram feitos em planilhas de Excel, e imprimíamos relatórios de entrega de brincos”, conta o médico-veterinário.
Felizmente, a informatização do processo avançou rapidamente. A Cidasc implementou o Sigen+ e fez novos investimentos em tecnologia, como a plataforma Conecta Cidasc, através do Projeto Inova Defesa, que visa tornar a coleta e análise de dados mais dinâmicas. Para Celles Regina de Matos, presidente da Cidasc, a evolução tecnológica foi crucial para o sucesso do sistema de rastreabilidade. “Completamos mais um ano deste sistema vitorioso, criado em 2008, buscando constantemente sua melhoria, enquanto outros estados ainda estão trabalhando para implementar o mesmo controle que já temos: identificação individual e rastreabilidade. A inovação é a marca da Cidasc”, ressalta a presidente.
Hoje, cerca de 1 milhão de brincos são aplicados anualmente em Santa Catarina, para animais nascidos e reposições, totalizando aproximadamente 4.406.165 bovinos e bubalinos no estado. Qualquer movimentação dos animais de produção (bovinos ou outras espécies) exige a emissão de uma Guia de Trânsito Animal (GTA). Juntamente com a identificação individual dos bovinos e bubalinos, esse sistema permite um controle sanitário eficaz, não apenas prevenindo o risco de reintrodução da febre aftosa, mas também trazendo benefícios para a saúde animal em várias outras áreas.
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