A disputa entre Massa e Milei neste domingo será como um bom tango argentino. As eleições presidenciais na Argentina chegam ao seu ápice neste domingo, quando milhares de hermanos vão às urnas escolher entre os dois candidatos.
De um lado está o atual ministro da economia, Sérgio Massa, do outro o outsider Javier Milei. Grandes opostos, que neste atual momento deixam a disputa acirrada e sem uma preliminar concreta.
Os assuntos envolvendo o segundo turno presidencial, são a pauta deste fim de semana. Isso ocorre, pois, o resultado pode interferir não apenas internamente, como externamente. O ultradireitista Milei já afirmou que deverá dolarizar a economia, fechar o Banco Central e romper relações com Brasil e China.
Massa, atual chefe da economia, vive uma encruzilhada, pois o peso segue desvalorizando. Os argentinos, tem cada vez menos poder de compra, por isso uma certa desconfiança paira sobre o candidato do atual presidente, Alberto Fernandez.
Como um bom tango argentino, Massa e Milei vão à disputa final
Observando toda essa situação, o jornalista Ernesto Júnior conversou com o Analista Político e Doutor em Relações Internacionais, Bruno Haeming. Durante a conversa a pauta principal foi a tentativa de se compreender quais são os candidatos e como o resultado pode interferir até mesmo no Brasil.
Quem são Massa e Millei?
Perguntado sobre quais seriam os perfis de Massa e Milei, o Analista Político afirmou que o atual Ministro da Economia do governo Fernadez é um dos responsáveis pelo atual momento vivido pelo país. “Ele tem as chaves do cofre na Argentina. […] Ele é o responsável em certa medida pelo que está acontecendo na Argentina agora economicamente”.
Comparado a nomes como Jair Bolsonaro e Donald Trump, Javier Millei, iniciou a sua carreira política trazendo uma pauta nova para a América Latina. “O ultraliberalismo, ele é um cara que entende que a liberdade das pessoas são mais importantes do que o poder do Estado”, afirma Haeming.
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A influência do resultado de Massa e Millei nas relações com o Brasil
Com posicionamentos cada vez mais complexos, Milei afirma que se eleito cortará relações com países como China e Brasil. Para ele, o presidente Lula pode ser considerado como comunista.
Porém, nos últimos anos Argentina e Brasil estabeleceram uma sólida parceria comercial, ocupando posições destacadas nos respectivos rankings de parceiros econômicos. Para o Brasil, a Argentina figura como o terceiro principal parceiro comercial, ficando apenas atrás da China e dos Estados Unidos.
Nos últimos anos, mais de 80% das exportações brasileiras para a Argentina foram compostas por manufaturas de origem industrial, consolidando o país vizinho como o principal receptor desses bens. Essa interdependência econômica reflete a estreita relação entre as duas nações e a relevância do mercado argentino para os produtos manufaturados brasileiros.
Por sua vez, no cenário argentino, o Brasil assume o papel de maior destino para suas exportações, seguido pelos Estados Unidos e China. Essa dinâmica evidencia a importância estratégica do mercado brasileiro para os produtos argentinos, consolidando a reciprocidade nas relações comerciais entre essas nações sul-americanas.
Haeming afirmou que o ponto crucial de todo o resultado das eleições será o Mercosul. “Para o Brasil seria muito ruim se tivesse um compromisso menor argentino dentro do bloco. Pois o bloco se enfraquece, se enfraquecendo, ele tem menor poder de barganha para negociar com os países da Europa”.
O Analista Político cita a Europa, pois está em desenvolvimento a costura de um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Esse acordo criaria um sistema de comércio entre os dois continentes, envolvendo importantes valores financeiros.
“Os primeiros 100 dias vão dizer muito de como vão ser as relações da Argentina com o Brasil e o papel da Argentina na América do Sul e no mundo”.
Bruno Haeming sobre a expectativa as eleições na Argentina
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