Caçador conquista o mundo com suas exportações. Uma cidade de médio porte no interior de Santa Catarina, mas com um grande destaque neste ramo, sendo o quinto maior exportador do Estado, com uma indústria principalmente voltada a madeira e móveis.
Com uma população em torno de 73 mil habitantes e enfrentando desafios logísticos por estar longe dos portos e aeroportos, o sucesso é impulsionado por uma cultura de empreendedorismo voltada para as vendas externas, combinando fatores como matéria-prima abundante e tecnologia de ponta.
Um exemplo dessa pujança caçadorense são os artefatos produzidor por meio do pinus, que em uma pequena fábrica caçadorense já começaram a ganhar o mundo. A sócia proprietária Gislaine Venâncio falou da surpresa quando recebeu uma mensagem via whatsapp de uma compradora americana da cidade de Boston, interessada nos produtos da empresa de Caçador.
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“Na hora pensamos que não fosse verdade, e só percebemos a realidade quando recebemos o pagamento e a transportadora veio coletar o pedido”, lembra.
A história de Gislaine é uma entre as centenas de operações comerciais feitas por empresas de Caçador em diversos países. Santa Catarina, com apenas 1% do território nacional, comprova que tamanho não é documento quando se fala de desenvolvimento econômico.
A presidente da Câmara de Comércio Exterior da FIESC, Maria Teresa Bustamante, explica que os catarinenses são um exemplo para os demais estados brasileiros. “A indústria é responsável por mais de 90% as exportações do Estado, e possui cerca de 50 mil indústrias instaladas. Os produtos catarinenses são exportados para mais de 200 países e Santa Catarina possui o sexto maior PIB do país”.
O papel de Caçador
São mais de 2.500 empresas exportadoras no Estado, que juntas alcançaram um marco histórico em 2022, com $ 12 bilhões de dólares em produtos vendidos para o comércio exterior.
Neste cenário, aparece como destaque o município de Caçador, que mesmo estando longe dos portos e aeroportos, enfrentando desafios do escoamento da produção pelas rodovias, coloca-se como o quinto município com maior índice de exportação de Santa Catarina. E qual é a fórmula do sucesso? É possível outros municípios se inspirarem neste exemplo e mudarem suas realidades econômicas?
Para compreender este destaque de Caçador é preciso voltar no tempo, para a década de 80. Quem explica este crescimento histórico é o empresário do ramo da madeira, Aurélio De Bortolo, presidente do Sindicato da Madeira de Caçador.
“O mercado interno possuía uma grande inflação e os produtos eram enviados para São Paulo, onde diziam algumas vezes que não estavam dentro da conformidade. Isso nos fez pensar em um mercado mais sólido. E sair para o exterior era virar uma página da história, pois primeiramente era preciso mudar o produto, criar a cultura e formar pessoas para fazer isso”, ressalta.
A mesma opinião do empresário Aurélio é compartilhada por outro empresário do ramo da madeira e móveis em Caçador, Leonir Tesser. “Somos um polo estadual diferente de outras regiões e isso faz parte de uma história de empreendedores que se estabeleceram aqui há muitos anos e tiveram essa visão de transformar a madeira, sendo primeiramente a madeira nativa e depois os empresários aprenderam a atuar com os reflorestamentos. Isso fez com que a nossa indústria se torna-se de extrema qualidade com a oportunidade de conquistar clientes em todas as partes do mundo”.
De acordo com o observatório Social da FIESC, os caçadorenses estão atrás apenas de Itajaí, São Francisco do Sul, Joinville e Jaraguá do Sul. Para o consultor em comércio exterior Kleber Fontes, o segredo do município interiorano nas vendas internacionais, é uma combinação de fatores, que vão desde matéria prima abundante até a tecnologia de ponta.
Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, apontam que nos últimos 10 anos, o volume em exportação na Microrregião que Caçador está inserido teve uma variação acumulada de 97,5%. Entre 2020 e 2021 houve um aumento superior a 42%. Ou seja, uma conquista em pleno período da pandemia.
Tornar a economia local em global, tem sido cada vez mais uma das metas estratégicas da Câmara de Comércio Exterior da FIESC, que para dar sustentabilidade ao trabalho, conta com o apoio de entidades relevantes em Caçador. Como é o caso da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp) que já está na segunda turma do MBA em Comércio Exterior. A Associação Empresarial de Caçador (ACIC) anunciou que irá abrir ainda este ano um Núcleo Setorial de Internacionalização. Outra entidade relevante é o Sindicato da Madeira, que tem unido cada vez mais os exportadores.
Na economia global sempre haverá alguém disponível para comprar o produto. Mas o que muitas vezes falta, é o conhecimento de como chegar até ele. Por isso, os municípios podem se inspirar em Caçador para mudarem suas realidades econômicas. Para isso, o apoio de entidades a exemplo da FIESC, é fundamental. Havendo produto e havendo comprador, não há limites.
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