O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (17) manter a taxa Selic em 15% ao ano. A decisão, já esperada pelo mercado, reforça a cautela diante do cenário externo instável e da inflação ainda acima da meta no Brasil.
PARTICIPE DO NOSSO GRUPO NO WHATSAPP E RECEBA NOTÍCIAS
Com os juros elevados, o país permanece com o 2º maior juro real do mundo, de acordo com levantamento da MoneYou. O índice “ex-ante”, que projeta a taxa real para os próximos 12 meses, coloca o Brasil (9,51%) atrás apenas da Turquia (12,34%) e à frente da Rússia (4,7%).
Segundo o Copom, a manutenção da taxa reflete as incertezas da política econômica dos Estados Unidos e as tensões geopolíticas, que exigem prudência por parte de países emergentes.
No cenário interno, embora o mercado de trabalho siga aquecido, a inflação projetada para 2025 e 2026 continua acima da meta, em 4,8% e 4,3%, respectivamente.
O Banco Central já indicou que os juros devem permanecer nesse nível por um período prolongado, enquanto o mercado aguarda sinais de quando poderá começar um ciclo de cortes.
Impacto nos investimentos
Com a Selic em 15%, a poupança se mantém como a aplicação de menor rendimento entre os investimentos de renda fixa. Apesar da isenção de Imposto de Renda e da facilidade de acesso, a caderneta paga apenas 0,5% ao mês — ou 6,17% ao ano — mais a variação da Taxa Referencial (TR), o que equivale a algo em torno de 0,6% mensais.
Quando a Selic cai para 8,5% ao ano ou abaixo, a regra muda: a poupança passa a render 70% da taxa básica mais a TR.
Em contrapartida, aplicações como Tesouro Selic, CDBs, LCIs e LCAs oferecem retornos significativamente maiores, alguns superando 9% ao ano em termos reais.
Especialistas recomendam que investidores de curto prazo priorizem pós-fixados atrelados ao CDI, como CDBs e Tesouro Selic, que oferecem previsibilidade.
Já quem busca proteção contra a inflação pode encontrar nos títulos IPCA+ uma estratégia eficiente de longo prazo.
Cenário de cautela
A decisão do Copom mantém a taxa no mesmo patamar desde junho, quando o BC elevou a Selic para tentar conter a inflação, hoje acumulada em 5,13% nos últimos 12 meses.
Em agosto, a inflação recuou mais para as famílias mais pobres. Enquanto o IPCA oficial caiu 0,11%, lares com renda até R$ 3,3 mil sentiram redução superior a 0,20%. As faixas mais baixas registraram deflação de 0,19% a 0,29%, enquanto famílias com renda acima de R$ 22 mil tiveram inflação de 0,10%.
O maior alívio se deve ao peso de alimentos e habitação no orçamento e à queda das tarifas de energia elétrica, beneficiadas pelo Bônus de Itaipu. Destacam-se reduções nos preços de cereais, tubérculos, café e proteínas animais.
No acumulado de 12 meses, a situação se inverte: famílias mais pobres sentiram maior pressão no bolso, com índices acima de 5%. O IPCA acumulado chega a 5,13%, acima da meta do governo de 3% a 4,5%, com destaque para alimentos, habitação, transportes e saúde.