A recente decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre mercadorias brasileiras tem causado forte apreensão entre empresários de Santa Catarina. Em entrevista, Auri Baú, diretor da tradicional Baú Madeiras, de Caçador, revelou que a medida já afeta diretamente o setor exportador e ameaça comprometer boa parte das operações voltadas ao mercado americano.
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Segundo Auri, a tributação nesse patamar foi uma surpresa, apesar de o tema já estar sendo discutido com os clientes no exterior. “Esperávamos algo em torno de 20% a 30%, como ocorre com nossos concorrentes. A tarifa de 50% inviabiliza muitos negócios”, disse.
A Baú Madeiras destina cerca de 50% da produção ao mercado dos EUA, exportando molduras, batentes e painéis de maior valor agregado. A outra metade vai para a Europa, especialmente painéis e pellets. Desde o anúncio da nova tarifa, houve paralisação nas negociações, suspensão de embarques e retração imediata da demanda americana.
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Impacto imediato na produção
O empresário informou que a empresa já iniciou uma reavaliação da cadeia produtiva, desde a extração florestal até a serraria, para ajustar a produção à nova realidade. “Não paramos totalmente, mas estamos monitorando o ritmo. Sem pedidos, não tem como manter a extração”, explicou.
Reinvenção é possível, mas leva anos
Auri também rebate a ideia de que a indústria poderia se reinventar rapidamente. “Não se muda um modelo produtivo consolidado em 30 dias. Leva anos. E o mercado americano é insubstituível nesse volume e nas especificações que exige”, destacou.
Cenário interno também preocupa
Para o empresário, o ambiente industrial brasileiro também precisa de atenção urgente. “O caos tributário, a insegurança jurídica, os custos elevados. Tudo isso nos deixa menos competitivos. Tem produto que sai do Brasil, é processado na Ásia e ainda assim chega aos EUA mais barato do que se fabricado aqui. Isso é um absurdo”, alertou.
Decisões em espera até 1º de agosto
Com a indefinição sobre a manutenção da tarifa, Auri afirma que a empresa optou por manter as operações por mais duas semanas, mesmo que parcialmente, aguardando uma solução diplomática. “Férias coletivas estão sendo consideradas, mas queremos evitar a perda de ritmo e desorganização dos processos internos”, explicou.
Preocupação geral entre empresário
O empresário também relatou que a apreensão é comum entre os setores industriais de Caçador. “Mais de 52% das exportações do município vão para os EUA. Isso atinge toda a cadeia, do comércio aos serviços. Precisamos de bom senso dos líderes para resolver essa crise”.
A entrevista reforça a urgência de medidas estruturais no Brasil e a busca por acordos internacionais equilibrados, para garantir a sobrevivência de indústrias tradicionais e manter empregos em municípios exportadores como Caçador.
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