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Preço do café reduz após 18 meses de altas consecutivas

Café

Foto: Reprodução | Canva

O preço do café moído registrou queda de 1,01% em julho, encerrando uma sequência de 18 meses de altas consecutivas. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Essa é a primeira vez desde dezembro de 2023 que o preço do café apresenta recuo. Naquele mês, a queda foi de apenas 0,23%. Desde então, o valor subiu de forma contínua, acumulando alta de 99,46% entre janeiro de 2023 e junho de 2025 — praticamente dobrando de preço.

Mesmo com o recuo de julho, o café ainda acumula aumento de 41,46% no ano e de 70,51% nos últimos 12 meses. No IPCA anual, o produto foi o segundo item que mais pressionou a inflação, com impacto de 0,30 ponto percentual, ficando atrás apenas das carnes, que subiram 23,34% e representaram 0,54 ponto percentual.

Colheita explica recuo no preço do café

Segundo o gerente da pesquisa do IBGE, Fernando Gonçalves, a queda registrada em julho está diretamente ligada ao início da colheita e ao aumento da oferta no mercado. Ele descarta ligação com o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, que entrou em vigor apenas em 6 de agosto.

“Já estava começando a colheita, uma oferta maior no campo. Pode ser efeito dessa maior disponibilidade”, afirmou Gonçalves.

Com mais café disponível, a pressão provocada pela demanda diminui, o que tende a reduzir os preços. Caso os produtores brasileiros não encontrem mercados alternativos para substituir as vendas aos EUA, a oferta interna pode aumentar ainda mais, pressionando o preço para baixo nos próximos meses.

Alta do preço do café foi impulsionada por clima e demanda global

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), o forte aumento no preço do café nos últimos 18 meses foi resultado de eventos climáticos que prejudicaram as safras e de um crescimento expressivo da demanda internacional, especialmente na China.

Essa combinação de menor oferta e maior consumo fez o valor disparar nos supermercados. Em junho de 2025, o preço médio do quilo chegou a R$ 66,70, contra R$ 34,46 no mesmo mês do ano anterior.

O pico ocorreu em fevereiro deste ano, quando o café ficou 10,77% mais caro em apenas um mês, marcando a maior inflação acumulada em 12 meses desde a implementação do Plano Real, em 1994.

Impacto para o consumidor brasileiro

Apesar da queda em julho, especialistas alertam que o preço do café continua elevado para o consumidor final. A tendência de baixa deve ser lenta e dependerá não apenas da oferta interna, mas também de fatores externos, como a resposta do mercado internacional ao tarifaço americano.

Economistas já projetavam que os preços começariam a ceder no segundo semestre de 2025, reflexo direto do período de colheita no Brasil, que ocorre entre março e setembro, com pico em junho e julho.

Para o consumidor, isso significa que promoções e preços mais baixos podem surgir nos próximos meses, mas dificilmente voltarão aos patamares anteriores a 2023 no curto prazo.

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