A imposição da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos preocupa a indústria da madeira em Caçador. O alerta é do presidente do SIMCA (Sindicato da Indústria da Madeira), Aurélio De Bortolo, que concedeu entrevista à RBV Rádios nesta semana.
PARTICIPE DO NOSSO GRUPO NO WHATSAPP E RECEBA NOTÍCIAS
Segundo ele, o setor madeireiro local — que representa o quinto maior exportador do estado de Santa Catarina — não foi contemplado com isenção ou redução significativa. Produtos como móveis, painéis e portas, fabricados na cidade, passaram a ser taxados com os 10% da tarifa-base somados aos 40% anunciados recentemente pelo governo de Donald Trump.
“Infelizmente, o nosso setor não foi premiado com a concessão de 10%. Passamos a ter uma taxação total de 50% nos produtos exportados para os EUA”, destacou Aurélio.
Veja também
Tarifas de Trump: o que são, quem paga e como afetam a economia brasileira
Pedidos dos EUA caem para 70% das exportadoras de SC, diz FIESC
O impacto imediato é a instabilidade no setor, com empresas concedendo férias coletivas e reavaliando planos de contratação. Atualmente, cerca de 500 vagas estão abertas na indústria madeireira de Caçador, mas o cenário pode mudar.
“Essas vagas podem entrar em compasso de espera. Agosto é uma grande dúvida. Esperamos que as empresas mantenham seus colaboradores, pois quem transforma a madeira em produtos de qualidade são as pessoas”, ressaltou.
O sindicato, junto com entidades como a Fiesc, Abimci e CNI, atua na tentativa de reverter ou minimizar a medida, inclusive com ações diretas nos Estados Unidos. Clientes norte-americanos têm feito pressão junto ao governo, destacando a importância dos produtos brasileiros para o abastecimento do setor.
Apesar do momento desafiador, Aurélio acredita em uma solução diplomática. “Acredito muito na negociação. Se 700 itens foram liberados para tarifa de apenas 10%, nós também podemos conseguir. Nossa madeira vem de florestas plantadas, não de desmatamento”, argumentou.
Para o presidente do SIMCA, o momento exige resiliência, cautela e foco no cliente. “É ele quem paga nossas contas. Se ele não comprar, não temos mercado aqui”.
Clima entre os trabalhadores é de incertezas mas também de esperança
A apreensão com a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos também atinge quem está na linha de produção da indústria madeireira. Bruno Granemann, trabalhador do setor em Caçador, relatou que a situação tem gerado preocupação dentro e fora das fábricas.
“A gente se sente pressionado, não só na indústria, mas também em casa. Eu sou o único provedor da minha família e isso aumenta a responsabilidade”, explicou Bruno.
Segundo ele, o clima entre os colegas é de incerteza. Muitos, com mais de 10 ou 20 anos de casa, demonstram preocupação com o futuro, diante das férias coletivas e da suspensão de contratações em várias empresas da cidade.
“Algumas empresas já estão segurando, outras parando. A gente escuta muito que o cenário vai travar aqui em Caçador”, relata.
Mesmo diante das dificuldades, Bruno reforça a importância da esperança. “A gente precisa manter essa chama acesa. É ela que nos faz seguir. Se perdermos isso, perdemos o rumo”.
O relato reforça o alerta feito por empresários e sindicatos sobre os possíveis efeitos da medida adotada pelos EUA. Enquanto aguardam uma solução diplomática ou econômica, empresas e trabalhadores se unem na expectativa de preservar empregos e manter a produção ativa no município.
Nossas Redes Sociais