O município de Videira registrou um desempenho expressivo no mercado de trabalho formal durante o mês de julho de 2025. De acordo com dados divulgados e analisados pelo cientista político Caleb Bentes, foram criadas 230 vagas com carteira assinada, elevando o total de trabalhadores formais para mais de 24.600 pessoas no município.
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Com esse resultado, o acumulado de 2025 chegou a quase 1.600 novos postos de trabalho, consolidando uma trajetória positiva e sólida na economia local, mesmo em um ambiente nacional marcado por incertezas.
“Isso nos mostra a consistência de uma economia que, mesmo em meio a turbulências externas, consegue continuar produtiva e gerar oportunidades”, afirmou Bentes.
O contraste com o mesmo período do ano anterior é significativo. Em julho de 2024, Videira havia encerrado o mês com saldo negativo de 101 vagas, o que evidencia uma retomada consistente neste ano.
Entre os fatores que explicam o desempenho estão tanto a conjuntura interna favorável do município quanto o cenário internacional, que tem beneficiado regiões com estabilidade e infraestrutura sólida.
Bentes citou ainda que, apesar do anúncio recente de tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros, o impacto direto em Videira foi mínimo até o momento.
“No resultado de julho, o que vemos é mais um efeito de sinalização, ou seja, empresas ajustando pedidos e revendo estoques”, explicou.
Ele acrescenta que possíveis efeitos estruturais podem aparecer nos próximos meses, mas ressalta que o impacto em Videira deve ser limitado.
Segundo ele, o diferencial do município está na previsibilidade econômica, na paz social e na força do setor produtivo local.
“Em um mundo de interdependência complexa, onde cadeias produtivas e financeiras estão entrelaçadas, cidades como a nossa ganham peso e oportunidade justamente pela previsibilidade, pela paz social e pela capacidade produtiva”, destacou.
Videira se apoia em pilares como uma agricultura tecnificada, uma indústria diversificada, logística estratégica conectada ao Mercosul e uma cultura cooperativista consolidada, o que garante resiliência e atratividade para investimentos. Esses fatores ajudam a explicar por que o município continua recebendo aportes mesmo diante de uma Selic em 15%, inflação pressionada e consumo retraído.
Os dados também mostram um comportamento distinto entre os setores. Enquanto o comércio local já sente os efeitos dos juros altos, a indústria e a construção civil seguem contratando, indicando uma base produtiva robusta e mais preparada para absorver choques econômicos.
Perfil dos empregos criados
A maioria das vagas abertas em julho foi ocupada por trabalhadores com ensino fundamental incompleto ou médio completo, enquanto as oportunidades para profissionais com ensino superior têm diminuído nos últimos meses.
A faixa etária também chama atenção: jovens entre 18 e 24 anos dominam as novas admissões, enquanto trabalhadores mais experientes estão deixando o mercado.
Para Bentes, esse movimento reflete uma renovação da força de trabalho, mas pode gerar vulnerabilidades no futuro.
“Crescer com base em mão de obra de baixa complexidade nos deixará vulneráveis no futuro, principalmente diante de um cenário de automação e exigência de maior sofisticação produtiva”, alertou.
Ele defende que o município precisa investir fortemente em capacitação profissional, ciência, tecnologia e indústria avançada.
“Não basta comemorar saldos positivos de emprego. Nós precisamos transformar esse ciclo em produtividade com sofisticação, investir em ciência e tecnologia, indústria avançada, agricultura de precisão. Caso contrário, nós vamos continuar crescendo apenas em número, mas sem valor agregado”, concluiu.