Uma operação de grande porte da Polícia Federal, deflagrada na manhã desta quarta-feira (3), revelou o envolvimento de uma quadrilha criminosa especializada no tráfico internacional de mulheres para exploração sexual. A maioria das vítimas aliciadas era natural de Santa Catarina, conforme declarou o delegado regional Farnei Franco Siqueira.
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A Operação Cassandra cumpriu mandados em diversas cidades catarinenses — Florianópolis, São José, Palhoça, Biguaçu e Camboriú —, além de estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso. A ação também teve uma etapa internacional, realizada simultaneamente na Irlanda.
Segundo as investigações, o grupo criminoso atuava desde 2017, exercendo controle rigoroso sobre as vítimas, que eram levadas ao exterior com falsas promessas.
De acordo com a PF, o grupo obtinha um lucro bruto estimado em R$ 100 mil por mês com cada mulher explorada.
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O delegado explicou que o aliciamento começava em festas e baladas. Integrantes da quadrilha se aproximavam das mulheres e ofereciam oportunidades no exterior.
Após convencê-las, arcavam com as despesas de viagem e as enviavam para a Irlanda, onde eram forçadas a se prostituir em locais pré-definidos ou através de anúncios online.
Ainda segundo Siqueira:
“As vítimas tinham conhecimento, mas elas eram colocadas em uma situação degradante, em que elas não se viam com outra alternativa, que não trabalhar nessa forma de exploração. No momento que elas chegavam no exterior, claro, tinha a questão do lucro, mas tinha uma série de situações que elas ficavam em uma situação de verdadeira prisão.”
Brasileiros no comando
A Polícia Federal revelou que os criminosos, todos brasileiros, não apenas controlavam o envio das vítimas, mas também praticavam lavagem de dinheiro. Eles utilizavam os lucros ilícitos na compra de bens, veículos de luxo, imóveis e investimentos em empresas e criptoativos.
A operação só foi possível graças à denúncia de algumas vítimas às autoridades da Irlanda, que alertaram o Brasil. A cooperação internacional contou com o apoio da EUROPOL e da Garda National Protective Services Bureau, responsável pela Operation Rhyolite, deflagrada paralelamente naquele país.
Os anúncios na internet, utilizados para promover os serviços forçados das mulheres, também ajudaram os investigadores a reunir provas contra os envolvidos. De acordo com a PF, não há vítimas desaparecidas até o momento, mas o processo de identificação segue em andamento.
Até agora, 70 mulheres foram identificadas como vítimas da organização criminosa. Uma nova etapa da operação, agora sob responsabilidade das autoridades irlandesas, irá trabalhar na reintegração dessas mulheres e garantir apoio e proteção.
Prisões decretadas
No Brasil, a Justiça Federal determinou cinco prisões preventivas, 30 mandados de busca e apreensão, além de 13 medidas restritivas de direitos. Ao todo, 120 policiais federais e sete servidores da Receita Federal participaram da operação no país.
Importante destacar que, conforme a PF, os pontos de prostituição ficavam todos na Irlanda. No Brasil, os locais alvos da operação estavam ligados principalmente a crimes de lavagem de dinheiro, fraudes documentais e movimentações financeiras suspeitas.
Operação Cassandra
A Operação Cassandra representa um marco na repressão ao tráfico internacional de mulheres, e demonstra a importância da cooperação entre países no combate a crimes transnacionais.
A investigação continua, agora focada em rastrear os valores movimentados e os bens adquiridos com o dinheiro da exploração.