Os feminicídios em SC ocorridos em 2023 chamam a atenção para os casos de violência contra a mulher no Estado. Nesta semana a Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso de Araranguá inaugurou um memorial pelas vidas das 52 vítimas de feminicídios no ano de 2023 no Estado. Assim, no muro da DPCAMI, foram afixados sapatos com indicação dos municípios e datas em que os crimes ocorreram.
A delegada titular da unidade especializada, Eliane Chaves foi a responsável pela inicativa. Dessa forma, escrito no muro da delegacia e na mente de todos que passam pelo local fica o questionamento “Por que os homens matam as mulheres?”.
Casos na região
Tangará
No dia 29 de maio, a Polícia localizou o corpo de Vanessa Martins no terreno de um frigorífico usado para confinamento de gado, em Tangará . Porém, a jovem, de 23 anos, foi assassinada no dia 22 de maio. A Polícia prendeu duas pessoas, que confessaram o crime.
Contudo, antes de sumir, ela teria dito à família que dormiria na casa de um amigo. No entanto, o pai dela estranhou quando recebeu mensagens da filha, dizendo que arranjou um emprego em outra cidade e estava de mudança. Porém, os suspeitos teriam escrito os textos.
De acordo com a polícia, foi levantada a hipótese de que a vítima pudesse estar grávida de um dos suspeitos, que tinha um outro relacionamento estável e mantinha relações com a vítima.
Sendo assim, os dois homens detidos tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça e responderão pelo feminicídio da jovem. De acordo com o juiz da Comarca de Tangará, Flávio Luís Dell’Antônio , na próxima segunda-feira (18), ocorrera a instrução do crime, ou seja, a fase processual penal destinada a deixar o processo em condições para realização do julgamento.
No dia 30 de maio, uma mulher de 32 anos, identificada como Juliana de Gois Souza, foi vítima de feminicídio na comunidade de Linha Imbuial, interior do município. O criminoso atingiu a mulher com golpes de faca. A polícia localizou o suspeito, que era marido da vítima, morto próximo ao local do crime.
A mulher chegou em estado grave no hospital de Videira, tendo entrado em óbito em seguida. Antes do cometimento do crime, o marido estava na prisão e foi solto. Ele teria feito ameaças de morte à vítima. Juliana deixou três filhos, com idades entre 10 e 14 anos.
Caso Vânia
Além disso, outro caso que ainda pode se enquadrar como feminicídio é o assassinato da videirense Vania Zanelato, ocorrido em junho deste ano. A Polícia localizou o corpo da mulher na localidade de Linha Gramado, interior do município de Rio das Antas, em estado de decomposição. A confirmação da identidade aconteceu em setembro, após exame de DNA.
As investigações apontaram dois suspeitos e a partir disso, um inquérito foi instaurado. A Justiça deferiu o pedido de medida cautelar, permitindo a realização de busca e apreensão na residência dos suspeitos, bem como decretada a prisão temporária de ambos. Um dos suspeitos seria ex-namorado da vítima, o que pode levar o crime a ser caracterizado como feminicídio.
Feminicídios em SC nos últimos anos
Entre 2015 e 2022, houve uma média de 52,62 feminicídios por ano no Estado. Nesse período, o ano com maior número de ocorrências foi 2019, quando ocorreram 58 crimes deste tipo no Estado, conforme mostra o gráfico abaixo, divulgado pelo Núcleo de Estatística e Análise Criminal de Santa Catarina.
Violência contra a mulher
De acordo com dados da pesquisa “Violência contra mulher”, da diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), de agosto desse ano, no período de 2018 a 2022 houve a notificação de 28.076 casos de violência contra mulheres residentes em Santa Catarina. O número de casos notificados foi de 5.338 em 2018 para 6.285 em 2022, o que resulta em um aumento de quase 18% entre os dois anos. Da mesma forma, a taxa de incidência de violência, que foi de 149,7 casos a cada 100.000 mulheres em 2018, subiu para 170 em 2022, o que indica o aumento no número de casos diante da proporção de mulheres do estado.