O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) entrou com recurso contra a sentença que condenou Claudia Tavares Hoeckler por matar o marido, esconder o corpo e simular o desaparecimento. O crime ocorreu em Lacerdópolis, e o julgamento foi realizado na Comarca de Capinzal no dia 28 de agosto.
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Ela foi condenada a 20 anos e 24 dias de prisão pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e falsidade ideológica. No entanto, o MPSC considera a pena branda diante da gravidade dos fatos e da conduta da ré.
De acordo com o Promotor de Justiça Rafael Baltazar Gomes dos Santos, responsável pelo caso, o recurso pede que a Justiça reavalie aspectos ignorados na sentença.
“O conjunto probatório evidencia traços de frieza e insensibilidade incomuns”, afirmou. “Ficou comprovado que a ré agiu de maneira premeditada […] Esse comportamento revela uma personalidade manipuladora, que deveria ter sido considerada na fixação da pena”.
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Segundo o promotor, a pena desconsiderou a crueldade do crime e o impacto social causado.
“O caso ganhou ampla repercussão nacional […] A constante exposição nos meios de comunicação intensificou a dor dos familiares e abalou o sentimento de segurança da comunidade local”, destacou.
Outro ponto criticado é a atenuação da pena por confissão espontânea. O MPSC argumenta que Claudia só admitiu o assassinato após o corpo ser encontrado por amigos dentro do freezer.
Durante o júri, ela alegou ser vítima de violência doméstica. No entanto, o Tribunal descartou completamente essa versão, com base em provas e mensagens entre o casal.
O recurso foi protocolado em 18 de setembro e aguarda julgamento no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).
Além disso, o processo teve um episódio polêmico: o escritório de advocacia da ré quase foi afastado do caso por perder o prazo de apresentação das contrarrazões.

Relembre o caso
O crime aconteceu em 19 de novembro de 2022, em Lacerdópolis, cidade com pouco mais de 2.200 habitantes. O município não registrava um homicídio há 30 anos.
O corpo de Valdemir Hoeckler foi localizado cinco dias após seu desaparecimento, dentro do freezer da casa onde morava com a esposa. Ele estava amarrado e coberto por alimentos e bebidas.
No mesmo dia, Claudia postou um vídeo nas redes sociais confessando o crime e alegando sofrer agressões. Porém, a investigação do MPSC revelou o contrário.
Mensagens entre o casal mostravam uma convivência pacífica. Além disso, a denúncia aponta que Claudia dopou o marido com medicamentos, amarrou seus membros e o asfixiou com uma sacola plástica.
O MPSC busca agora o reconhecimento da premeditação, frieza e manipulação como agravantes, o que pode aumentar a pena da ré no novo julgamento.