Entraram em vigor nesta quarta-feira (6) as novas tarifas de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos, conforme anunciado no início de julho pelo presidente Donald Trump. A medida elevou em 40% a tarifa anterior de 10% e já causa impactos significativos em diversas regiões do Brasil, principalmente em Santa Catarina.
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Empresas catarinenses dos setores de madeira, móveis, mel e alimentos estão entre as mais atingidas.
Segundo o economista-chefe da FIESC, Pablo Felipe Bittencourt, as consequências são imediatas: há redução nos pedidos, suspensão de embarques e paralisação parcial da produção.
Algumas indústrias já deram férias coletivas ou iniciaram demissões para enfrentar a queda nas exportações.
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A sobretaxa atinge diretamente empresas com produção voltada quase exclusivamente ao mercado americano, como aquelas do setor moveleiro e de apicultura, localizadas nas regiões Norte, Nordeste e Serrana do Estado.
Esses produtores, que atendem principalmente o mercado imobiliário dos EUA, enfrentam cancelamentos e incertezas.
FIESC prevê queda de até 0,3% no PIB catarinense em dois anos
A expectativa da Federação das Indústrias de Santa Catarina é que o Estado tenha uma perda de até 0,3% no PIB no período de 18 a 24 meses, um impacto expressivo em uma economia que normalmente cresce de 3,5% a 4% ao ano.
Com a barreira tarifária, muitos produtos catarinenses que não conseguirão entrar no mercado americano deverão ser direcionados ao mercado interno. Isso pode provocar uma redução temporária de preços em itens como café e frutas, afetando tanto os consumidores quanto os produtores intermediários.
Diante do cenário, empresas locais já buscam alternativas para escoar a produção, tanto em outros estados brasileiros quanto em novos mercados internacionais. A FIESC também atua junto ao governo estadual para criar políticas fiscais e linhas de crédito que minimizem os prejuízos.
Nem todos os produtos foram tarifados: veja o que está isento
Apesar da ampliação das tarifas, nem todos os produtos brasileiros foram incluídos na lista. A ordem executiva assinada por Trump no dia 30 de julho trouxe exceções para cerca de 700 itens.
Estão isentos
- aeronaves civis,
- suco de laranja,
- fertilizantes,
- madeira tropical,
- smartphones,
- combustíveis e
- alguns produtos minerais.
No entanto, grande parte da pauta exportadora de Santa Catarina permanece sujeita à tarifa de 50%.
A presidente da Câmara de Comércio Exterior da FIESC, Maria Teresa Bustamante, alerta que a situação de cada exportador deve ser analisada individualmente, já que alguns setores têm produtos que foram parcialmente isentados e outros não.
Ela destaca, por exemplo, que produtos de madeira e móveis seguem sob investigação e, até que haja uma decisão final, continuam com a tarifação anterior.
Já veículos e autopeças mantêm a taxa padrão de 25%, aplicada globalmente, sem a nova sobretaxa.