No dia quatro de janeiro de 1967, o The Doors, banda americana proveniente da ensolarada Califórnia, lançava o seu debut, autointitulado The Doors. Um disco com 11 canções, entre elas o clássico Light My Fire e a longa The End – essa última, sobretudo, baseada no complexo de Édipo.
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O Doors – como é carinhosamente chamado pelos seus adeptos – surgiu e conquistou fama considerável na Sunset Strip (famosa avenida de Los Angeles), mais precisamente em uma casa noturna chamada Whisky A Go Go. Nesse tempo já havia conquistado um contrato com a gravadora Columbia Records, porém este foi desfeito porque o selo não foi capaz de garantir um produtor para o álbum de estreia. Sendo assim, pouco tempo depois, a Elektra Records contratou a banda e passou a produzir seu primeiro disco com o produtor Paul A. Rothchild que já havia trabalhado com Joni Mitchell, Neil Young, Janis Joplin, entre outros.
Na formação original e clássica da banda, estavam o polêmico Jim Morrison, o guitarrista Robby Krieger, o tecladista Ray Manzarek e o baterista John Densmore.
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Esse primeiro disco do Doors contou ainda com a participação do baixista Larry Knechtel, da banda Wrecking Crew, em seis das faixas. Ele foi contratado por Rothchild para melhorar o som do baixo, já que as linhas do instrumento eram feitas por Manzarek no teclado. Knechtel jamais foi creditado por seu trabalho.
Uma grande curiosidade é que o disco abre com um dos maiores clássicos da banda, trata-se de Break on Through (To the Other Side), mas que, incrivelmente, não se tornou um sucesso de primeira e amargou nas paradas americanas a 126ª posição. Esse disco conta ainda com outras duas grandes canções da banda: Light My Fire, primeira contribuição de Robb Krieger após uma discussão com Morrison sobre as composições da banda, e a já citada aqui, The End.
Das 11 faixas do disco, nove eram autorais e apenas duas eram covers: “Alabama Song (Whisky Bar)”, de Bertolt Brecht, e “Back Door Man”, de Willie Dixon. Todo o disco foi gravado em aproximadamente uma semana, isso porque tratava-se do Doors em estúdio basicamente tocando ao vivo como se estivesse na Whisky A Go Go. Inclusive as canções Light My Fire e The End, o épico que encerra o disco, são resultado de dois takes de gravação na boate.
Light My Fire e Jim Morrison juntos: era quase um prenúncio que “algo de errado não daria certo”. Sob efeito de LSD, Morrison fracassou ao gravar o primeiro take da canção, precisando assim de mais um para finalizar. Até aí tudo bem, o problema é que o vocalista, alucinado, queria continuar gravando e tentando melhorar sua participação na música, o que não pode acontecer devido ao baixo orçamento. Morrison, contrariado, retornou mais tarde à boate, pulou o muro, invadiu o local e descarregou um extintor na sala onde as gravações aconteciam. Com muita sorte as fitas não foram danificadas e a gravadora arcou com os prejuízos. Porém, dali em diante, o Doors não voltaria a tocar na Whisky A Go Go.
Com o álbum gravado e finalizado, Break on Through (To the Other Side) foi lançada como single. O efeito de sucesso esperado não aconteceu, o que foi uma decepção para a gravadora. O estouro veio apenas quando Light My Fire foi lançada no formato de single compacto. Dali em diante tudo se tornou história e o disco foi tão importante para a história do Rock que o próprio Paul McCartney confessou que o disco do Doors serviu de inspiração para o aclamadíssimo Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Em 57 anos foram mais de 4 milhões discos vendidos ao redor do mundo, sem contar as versões piratas e as visualizações nas atuais plataformas virtuais.
Infelizmente nos discos seguintes a banda não conseguiu emplacar a mesma qualidade e, consequentemente, o mesmo sucesso. O mais triste e perturbador é que em pouco menos de cinco anos após o seu lançamento, Jim Morrison, o grandioso “Rei Lagarto”, morreria em circunstâncias até hoje não 100% esclarecidas.
Tamanha influência tornou a data de 4 de Janeiro oficialmente o “Dia do The Doors” em Los Angeles. Atualmente John Densmore e Robby Krieger continuam vivos. Manzarek faleceu no dia 20 de maio de 2013. E o disco imortalizou-se.
Por: Gionei “Pollenta” Cambruzzi Fhynbeen, Jornalista, Locutor e Produtor da Rádio 92 FM de Caçador. Apresentador do Programa 92 In Rock que vai ao ar todos os sábados das 18h às 20h na emissora.
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