A estiagem prolongada vai afetar a safra da maçã no Sul do Brasil. A falta de chuva, segundo produtores, está interferindo na qualidade das plantas e por consequência na formação dos frutos. A Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) prevê uma quebra de pelo menos 11% na cultivar gala.
O diretor executivo da ABPM, Moisés Lopes de Albuquerque, afirma que mesmo faltando alguns dias para o início oficial da colheita, é possível afirmar que a seca já afetou a produção de maçã nos três estados do Sul. “Se não vier um bom volume de chuva e se o comportamento da planta não for bom caso essa chuva ocorra nos próximos dias, essa quebra será bem maior”, disse Albuquerque, em entrevista à Rádio Fraiburgo.
Já na serra catarinense, região que mais produz maçã no Estado, os prejuízos são ainda maiores. O pesquisador José Luiz Petri, especialista em fruticultura de clima temperado, afirma que o solo da região é mais raso e pedregoso, e com isso as plantas sofrem mais com a falta de água.
“Na Serra o problema vem se agravando. Alguns pomares estão com queda de folhas e frutos, maçãs murchas e de pequeno tamanho. Tem até algumas árvores que não vão resistir e morrer”, analisa.
Nas demais regiões os danos são um pouco menores, mas também significam prejuízo aos produtores. “A cultura da maçã depende muito da produtividade e do tamanho das frutas que são as que realmente o mercado valoriza. E com a falta de chuva os frutos desenvolvem menos”, acrescenta Petri.
Orientações ao produtor
Fazer irrigação se houver disponibilidade de água na propriedade
Não aplicar fertilizantes foleares enquanto não retornar a chuva
Tratamentos fitossanitários devem ser realizados em período de final da tarde
Colher parte dos frutos assim que iniciar a maturação para evitar o estresse da planta
Colher de forma parcelada, com duas, três ou mais passadas
Faturamento
Mesmo com a safra prejudicada pela estiagem, a Associação Brasileira de Produtores de Maçã ainda não consegue fazer uma estimativa de faturamento com a safra. A tendência é de um preço melhor, já que haverá uma oferta menor de frutas. Porém, o custo de produção e logística está maior esse ano devido à alta do dólar.
Safras seguintes também podem ser comprometidas
Além do prejuízo na safra atual, a floração nos pomares de maçãs para a próxima safra já começou. E caso a chuva não caia nas próximas semanas, a produção de 2023 também pode ser comprometida. A Amap (Associação de Produtores de Maçã e Pêra de Santa Catarina) vê a situação com preocupação.
“A gente pode constatar esses danos irreversíveis que a gente tem nessa safra e também posterior às outras safras. Então, as ações que a associação vai fazer é buscar junto ao governo do Estado linhas de crédito emergenciais e também postergar financiamentos que o produtor tenha, porque a safra a gente já sabe que está comprometida”, disse o diretor administrativo da Amap, Diego Nesi.