Um documentário produzido por entidades da Rede de Proteção às Mulheres Vítimas de Violência de Videira está chamando atenção e conscientizando a sociedade sobre a urgente necessidade de enfrentar a violência contra as mulheres.
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O vídeo foi lançado como parte da campanha Agosto Lilás, que visa dar visibilidade ao tema e divulgar os direitos das mulheres em situação de violência, além dos serviços especializados disponíveis para acolhimento, orientação e denúncia.
Com depoimentos emocionantes, o documentário destaca a história de Daniela Granemann, vítima de feminicídio em 8 de agosto de 2022. Através de relatos de familiares, amigos e membros de diferentes instituições, o vídeo busca sensibilizar a comunidade para os sinais de violência e a importância da denúncia. “Daniela sempre foi uma pessoa alegre, muito trabalhadora e cheia de vida. Não consigo me acostumar sem seus abraços”, lamenta uma de suas irmãs no documentário.
Caso Daniela Granemann
O caso de Daniela Granemann, assassinada brutalmente com 23 golpes de faca pelo ex-companheiro Fábio Paiva de Melo, revoltou a sociedade videirense. O feminicídio aconteceu na casa da vítima e foi testemunhado pelo filho de apenas 11 anos, que encontrou o corpo da mãe.
Fábio foi condenado a 30 anos de prisão em regime fechado, a pena máxima prevista no Código Penal Brasileiro, durante um júri popular realizado no Dia Internacional da Mulher. A sentença foi proferida após um dia de audiência, que começou às 9 horas e terminou após as 17 horas, no Fórum da Comarca de Videira.
O julgamento contou com a atuação do Promotor de Justiça Vinícius Silva Peixoto, que destacou a importância da condenação para a sociedade: “As pessoas presentes tinham o único objetivo de ver se ainda existe justiça. Esta foi a pena mais alta que já consegui em um júri. Espero que com isso o anseio das pessoas que pediam por justiça tenha sido atendido”, declarou.
Feminicídios no Brasil
Segundo o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 1.467 mulheres morreram vítimas de feminicídio em 2023 – o maior registro desde a sanção da lei que tipifica o crime, em 2015. As agressões decorrentes de violência doméstica tiveram aumento de 9,8%, e totalizaram 258.941 casos.
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Houve alta também nas tentativas de feminicídio (7,2%, chegando a 2.797 vítimas) e nas tentativas de homicídio contra mulheres (8.372 casos no total, alta de 9,2%), além de registros de ameaças (16,5%), perseguição/stalking (34,5%), violência psicológica (33,8%) e estupro (6,5%).
A importância da conscientização e da denúncia
O documentário também conta com orientações de representantes da Polícia Civil, através da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (Dpcami); da Polícia Militar, por meio da Rede Catarina; da Assistência Social, com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas); do Ministério Público, do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim); da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); e do Conselho Tutelar.
Essas instituições ressaltam a importância do uso de ferramentas como o “violentômetro“, que ajuda a identificar os diferentes tipos e graus de violência em relações íntimas, alertando para comportamentos abusivos desde o início. Além disso, a Delegacia Especializada em Videira proporciona apoio psicológico às vítimas, ajudando-as a superar o medo e a vergonha de denunciar os abusos.
Números alarmantes e desafios
Os números de violência doméstica em Videira são alarmantes. Em 2023, foram registradas 28.171 medidas protetivas pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, das quais 59 ocorreram em Videira. Em 2024, até maio, já foram registradas 1.392 medidas protetivas no estado e 137 no município. O número de feminicídios também preocupa: 57 em 2023 e 28 em 2024, nos primeiros cinco meses do ano. Em Videira, quatro feminicídios foram registrados nos últimos três anos, destacando a urgência de ações mais eficazes.
Mobilização e esperança
No Dia Internacional da Mulher, em 2024, uma manifestação em frente ao Fórum de Videira reuniu familiares, amigos e membros da comunidade para pedir justiça por Daniela e por todas as mulheres vítimas de violência. O evento não só reforçou a necessidade de condenar os agressores com o rigor da lei, mas também destacou a importância de uma cultura de apoio e acolhimento às vítimas.
O documentário e os eventos relacionados são um lembrete de que a luta pelo fim da violência contra as mulheres é de todos. É um chamado para que a sociedade, em conjunto, combata a violência doméstica e apoie as mulheres para que possam viver em segurança e dignidade. Como destaca o documentário, “em briga de marido e mulher, sim, devemos meter a colher”. A denúncia e o apoio são fundamentais para interromper o ciclo de violência e salvar vidas.
