Era 25 de setembro de 1953, há 70 anos, quando a então jovem Videira, viu a sua história, suas casas, telhados, construções, pessoas serem levadas pela força dos ventos. Os relatos, contam que era próximo das 18h, quando o céu se encobriu com um manto de medo. Dali em diante, tudo o que se viu, hoje são apenas marcas de um passado que ainda existe.
Videira, tinha apenas 9 anos, havia sido recém desmembrada de Campos Novos, naquela tarde, vivia mais um dia normal, como outro qualquer. Porém, o que aconteceria nas próximas horas marcaria a vida e os próximos 70 anos.
A edição de 4 de outubro de 1953, do Jornal de Videira, apresentou os principais fatos que haviam acontecido. Em um texto intitulado de Violento Vendaval, conta-se como a então pequena cidade do Meio-Oeste catarinense foi sucumbida pela força da natureza.
No decorrer das páginas, o sentimento era de consternação pelos fatos ocorridos. Os prejuízos se sobressaiam na casa dos 8 milhões de cruzeiros. O led, parte do texto onde são apresentados os principais fatos, foi o seguinte.
Há 70 anos Videira viu sua história ser levada pelos ventos
“No dia 25 de setembro, próximo das dezoito horas e dez minutos, violenta ventania soprou sobre a cidade de Videira. Crê a redação tratar-se de um ciclone, pois a enorme massa de ar que se deslocava em alucinante velocidade soprava em espiral. Soprou vento em quase todo o Vale do Rio do Peixe, desde Uruguai até Rio das Antas, Videira foi, dentre todos os centros de população a margem do Rio do Peixe, que mais sofreu. Durante apenas de trinta a quarenta e cinco segundos – semeou a ventania por toda a cidade, o terror, a consternação e a destruição”.
Muitos se perguntaram sobre a velocidade do espantoso vento. Como na época, as atuais tecnologias ainda não haviam sido desenvolvidas, tornou-se impossível cravar a força precisa do vento. Porém, conformas as informações apresentadas pelo periódico, a velocidade foi descomunal.
“O que faz crer que a velocidade do vendaval era de trezentos quilômetros por hora. O que é asssombroso”.
Inúmeras construções da cidade foram destruídas durante aqueles poucos segundos de tormenta. A pequena cidade de pouco mais de 9 anos, observou até mesmos os seus templos religiosos serem atingidos.
Localizada na então Vila de Vitória, a Igreja Matriz Imaculada Conceição foi gravemente atingida. Os vitrais e os relógios da sua torre tiveram os seus vidros estilhaçados. Do outro lado do Rio do Peixe, nas proximidades da então Perdigão, a Igreja Evangélica Luterana teve toda a sua estrutura levada ao chão.
A força do vento foi tamanha que dois prédios tiveram a suas estruturas movimentadas em questão de metros de distância. O edifício dos Correios e Telégrafos e a sede do então Hospital Santo Antônio na antiga vila de Vitória.
A história da Irmã Gema, que foi levada pela forca do vento
Foi na sede do então hospital, que uma das situações mais marcantes aconteceu. Irmã Gema (Emelda), foi arrancada junto da porta do local. Ainda residente em Videira, a irmã que trabalhava como enfermeira do referido hospital, recebeu o repórter Ernesto Júnior, para uma entrevista exclusiva, importante e histórica.
Ele estava na cadeia e ficou doente, então levaram ele lã no hospital. Então eu fui receber ele, mas eu vi que vinha um temporal feio. Eu disse para a irmã, leva no tal quarto, naquilo o temporal veio, eu nem cheguei a falar com a polícia. Pois foi uma coisa muito rápida”
Irmã Gema, relata que tudo ocorreu em questão de segundos, após ela receber a polícia que trazia um preso, que havia ficado doente. Ela prossegue, relatando, como foram os próximos segundos.
“Foi uma coisa muito rápida, ninguém esperava. Eu fui fechar a porta. A porta era uma parte de vidro. E o vento entrou pela cozinha, veio pelo corredor e pegou a porta. A porta caiu e eu cai junto. A parte que era de vidro, pegou logo a cabeça”.
Mesmo ferida e sangrando, a irmã não esperava, quais seriam os próximos momentos que há aguardavam. Ela relata que o vento seguiu com uma força descomunal, a arremessando contra o barranco próximo do hospital. Ela afirma que foi arrastada até próximo à antiga sede dos Correios, o que dava em média uns cinquenta metros de distância.
Encerramos essa reportagem com o trecho final publicado na edição de 4 outubro de 1953 do Jornal de Videira.
“Os transeuntes se viram face a face com o terror do vento, que fazia voar galhos, telhas e madeiras, como simples papeluchos, por sobre suas cabeças. Os que estavam no interior de suas casa, amedrontadas em apavorantes segundos, previam a iminência de desabarem os tetos e paredes, sepultando-os em suas próprias casas.
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