Casos positivos de pneumonia atípica em crianças, ou “pneumonia silenciosa”, colocou a comunidade de Videira em alerta nas últimas semanas. A bactéria Mycoplasma pneumoniae, umas das responsáveis pela doença, foi detectada em alguns alunos de uma escola local, que estão agora em recuperação em suas casas. Em resposta ao surto, medidas imediatas de controle foram adotadas pela instituição de ensino, visando proteger a saúde dos demais estudantes.
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Para esclarecer as dúvidas da população sobre a pneumonia atípica ou “pneumonia silenciosa” e evitar o agravamento dos sintomas, o Portal RBV entrevistou a médica pediatra Magaly Vaz de Souza, que ofereceu orientações sobre como identificar os sinais e quais precauções devem ser tomadas.
O que é a “pneumonia silenciosa”?
Segundo a Dra. Magaly, a “pneumonia silenciosa” é causada por uma bactéria chamada Mycoplasma pneumoniae, que, diferente da pneumonia comum, apresenta sintomas menos intensos e que muitas vezes são confundidos com os de uma gripe ou resfriado.
“O Mycoplasma pneumoniae é uma bactéria que causa uma pneumonia atípica. Ela não tem os sintomas clássicos de uma pneumonia, como febre alta e dor no peito, o que faz com que muitas vezes seja confundida com uma gripe forte. Os sintomas mais comuns são tosse persistente e, em alguns casos, cansaço, mas sem grandes sinais de febre”, explica a pediatra.
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Essa característica mais discreta da doença faz com que ela seja conhecida como “pneumonia silenciosa”, pois os sinais não são tão evidentes quanto os de uma pneumonia típica, o que pode atrasar o diagnóstico e, consequentemente, o início do tratamento adequado.
No entanto, o diagnóstico da pneumonia silenciosa pode ser feito de forma simples em laboratórios através de requisição médica com o painel molecular, que examina o muco ou o catarro do paciente. Também é possível usar exames de cultura para identificar as bactérias envolvidas.
Como a doença afeta as crianças?
Dra. Magaly destacou que, embora o Mycoplasma pneumoniae possa afetar pessoas de qualquer idade, ele é mais comum em crianças na fase pré-escolar e escolar, especialmente entre os 5 e 10 anos. “É uma bactéria que se espalha com mais facilidade em ambientes fechados e com grande concentração de pessoas, como escolas. Por isso, estamos vendo esse aumento de casos nesse grupo etário”, detalha a médica.
Além disso, a especialista ressaltou que o surto atual, embora preocupante, está sendo controlado com medidas preventivas, e que todas as crianças afetadas estão recebendo o tratamento adequado e se recuperando bem.
Medidas de prevenção e controle
A pediatra destacou a importância de adotar medidas de prevenção para evitar a disseminação do Mycoplasma pneumoniae, especialmente em ambientes escolares. “A transmissão da bactéria ocorre principalmente por gotículas respiratórias, liberadas quando a pessoa infectada tosse ou espirra. Por isso, é importante que as crianças que apresentam sintomas de tosse persistente, mesmo sem febre, sejam mantidas em casa e não frequentem a escola até que estejam completamente recuperadas”, orienta.
Ela ainda lembrou que, em tempos de temperaturas mais baixas, é comum que as janelas das salas de aula fiquem fechadas, o que pode contribuir para a propagação da bactéria. “O ideal é manter os ambientes bem ventilados, mesmo no inverno. Se for necessário usar ar-condicionado, é importante garantir que haja renovação do ar, para evitar que o mesmo ar circule por muito tempo no ambiente”, reforça.
Cuidado com a automedicação
Um dos principais alertas da Dra. Magaly é sobre o risco da automedicação, especialmente quando se trata de antibióticos. “O maior perigo agora é que as mães, ao verem os primeiros sinais da doença, tentem medicar as crianças por conta própria. Isso pode não só mascarar os sintomas, dificultando o diagnóstico, como também causar resistência bacteriana. É fundamental procurar um médico ao perceber qualquer sintoma respiratório persistente”, enfatiza a pediatra.
Além disso, a médica orienta que os pais evitem dar medicamentos para baixar a febre sem orientação médica, pois isso pode atrasar a identificação do quadro clínico. “A febre é uma resposta do corpo à infecção, e controlá-la sem orientação pode fazer com que os sintomas se tornem mais difíceis de identificar. O correto é observar a evolução da tosse e, caso ela persista por mais de uma semana, buscar orientação médica”, aconselha.
Tratamento para a pneumonia por Mycoplasma
O tratamento para a pneumonia atípica causada pelo Mycoplasma pneumoniae é feito com antibióticos específicos, uma vez que essa bactéria não responde aos tratamentos comuns para outras formas de pneumonia. “O tratamento com antibióticos adequados é eficaz e, em geral, após o início do uso da medicação, a recuperação ocorre de maneira rápida. No entanto, é importante seguir o tratamento até o fim, conforme prescrição médica, para garantir a completa eliminação da bactéria”, explica Dra. Magaly.
Ela ainda reforçou que, apesar de o termo “pneumonia silenciosa” parecer assustador, na maioria dos casos, o quadro é leve e controlável com o tratamento correto. “O importante é diagnosticar cedo e iniciar o tratamento logo. Quando isso é feito, a recuperação costuma ser tranquila e sem complicações graves”, tranquiliza.
O que fazer se seu filho foi diagnosticado com Mycoplasma pneumoniae?
Para os pais cujos filhos testaram positivo para Mycoplasma pneumoniae, a Dra. Magaly orienta que mantenham a calma. “O exame positivo não significa necessariamente gravidade. O importante é monitorar os sintomas, como a tosse persistente e o cansaço, e seguir as recomendações médicas. Na maioria das vezes, a doença evolui de maneira favorável e a criança pode se recuperar em casa, sem a necessidade de internação”, explica.
A médica ainda destaca a importância de manter o acompanhamento médico, especialmente nos primeiros dias após o diagnóstico, para garantir que o tratamento está surtindo efeito e que a criança está se recuperando adequadamente.
Fique atento aos sinais
Diante desse surto de Mycoplasma pneumoniae em Videira, é fundamental que os pais fiquem atentos aos sinais da chamada “pneumonia silenciosa”. Tosse persistente, cansaço e sintomas gripais leves, sem a presença de febre alta, são indícios de que pode ser necessário procurar um médico para uma avaliação mais detalhada.
Com as devidas medidas preventivas, como a ventilação adequada dos ambientes e a observação dos sintomas respiratórios, além do tratamento correto, o Mycoplasma pneumoniae pode ser controlado e as crianças afetadas podem se recuperar de forma plena e segura.
A orientação principal, portanto, é evitar a automedicação e buscar ajuda médica ao menor sinal de desconforto respiratório, garantindo que a pneumonia atípica seja identificada e tratada de forma adequada.
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