Quantos clássicos uma banda que durou apenas cinco anos pode lançar? Ou, melhor, quantos discos uma banda consegue lançar em apenas um ano e ter pelo menos um clássico em cada? Não conheço outra que conseguiu tal façanha a não ser o Creedence Clearwater Revival (CCR).
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A Banda, fundada pelos irmãos Fogerty em 1967, manteve-se na ativa apenas até 1972 – mas lançou pelo menos nove grandes clássicos, dentre eles Fortunate Son e Down on The Corner, do álbum Willy And The Poor Boys, disco tema da nossa biografia de hoje.
Terceiro disco lançado em 1969, logo após Bayou Country e Green River, “Willy” apresentou um CCR mais maduro, com uma sonoridade mais voltada para o Rock e com temática levemente política e contrária à guerra do Vietnã. Esse álbum foi disco de ouro e até os dias atuais mantém-se cultuado como um dos melhores da cena rock com raízes no Southern.
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Down on the Corner, canção que abre o disco, mostra exatamente o que é o CCR, uma banda simples, que cria e toca música por música, sem grandes firulas ou pretensão de agradar fulanos e ciclanos. É música para marcar com o pé, incendiar festas e/ou pegar a estrada. Essa música conta a história da banda que dá título ao álbum.
Na sequência It Came Out of the Sky apresenta um pouco do novo Creedence, mais político e irônico quanto à política, igreja e sociedade. É um som mais voltado para o rock dos anos 1950, um pouco diferente do que o mundo vinha apresentando naquele momento.
Como não poderia faltar em um disco do CCR, Cotton Fields apresenta a temática dos campos de algodão no sul da Louisiana, músicas com temas regionais eram muito presentes nos discos da banda.
Para mostrar toda a sua intimidade com a gaita de boca, John Fogherty aproveita a instrumental Poorboy Shuffle, música que soa como uma apresentação da banda “Willy and the Poor Boys”. Essa é a primeira música instrumental do CCR.
Feelin’ Blue, talvez a música com a melodia mais leve do disco, mas com uma letra forte e pesada. Ela conta a história de um rapaz que perdeu o medo de ser quem é, deixou de se esconder, mas que também encontrou uma corda em forma de laço aguardando pelo seu pescoço.
E assim encerra-se o Lado A do longplay. Com tudo o que se apresentou até aqui já dava para notar que os caras, mesmo após terem lançado dois discos naquele ano e recém terem tocado no Woodstock, não estavam para brincadeira.
O Lado B é aberto pela clássica Fortunate Son, música atemporal que representa (na minha opinião) toda a essência do CCR. Musicistas e instrumental em perfeita harmonia fazendo um rock and roll irretocável, letra crítica e forte, nas próprias palavras de John, “é tudo sobre homens ricos fazendo guerra e homens pobres tendo que lutar por eles”.
Don’t Look Now fala sobre respeitar o próximo e como todas as pessoas são importantes, independente da sua raça, cor, emprego e/ou posição social. Uma balada simples e com arranjos simples, com a temática importante desde aquela época.
Quantas músicas você já ouviu falando sobre o famoso “Expresso da Meia-noite”? Infinitas, tenho certeza. Essa música carrega a lenda de ter sido escrita por detentos em uma prisão nos arredores de Chicago, onde o trem passava diariamente por volta desse horário e podia ser avistado de suas celas. Na versão do Creedence, a letra de Midnight Special fala sobre não cometer ilícitos para não ir ver o expresso da meia-noite in loco.
Side o’ the Road é a segunda música instrumental do disco e, mais uma vez, John comanda o show, agora com a sua emblemática guitarra elétrica.
E, para fechar o belíssimo trabalho, Effigy – a música mais política do álbum. John nessa canção inspirou-se na negativa do ex-presidente Richard Nixon em aceitar uma manifestação onde milhões de pessoas protestavam contra a Guerra do Vietnã. Uma efígie é uma representação personificada de alguém e perfeita para ser destruída. A sonoridade dessa canção é incrível, se você ainda não ouviu, está perdendo algo sublime.
Logo após o lançamento desse álbum o CCR anunciou e realizou a sua turnê pela Europa. No início de 1970, os três álbuns lançados no ano anterior marcaram época ficando entre os 10 discos mais vendidos e com cinco músicas entre as 10 mais tocadas nas rádios dos Estados Unidos. Com esses números, simplesmente, desbancaram em popularidade os Beatles.
Enfim, cinco anos de história de uma banda atemporal.
Por: Gionei “Pollenta” Cambruzzi Fhynbeen, Jornalista, Locutor e Produtor da Rádio 92 FM de Caçador. Apresentador do Programa 92 In Rock que vai ao ar todos os sábados das 18h às 20h na emissora.
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