De outubro de 2022 a fevereiro de 2024, SC já recebeu mais de 66 mil comprimidos contra Covid-19. O Paxlovid (Nirmatrelvir 150mg + Ritonavir 100mg) é um medicamento utilizado para o tratamento da Covid-19 a fim de evitar hospitalização.
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Os dados foram levantados via Lei de Acesso à Informação (LAI) pelo portal Fiquem Sabendo. Conforme o Ministério da Saúde, se administrado no tempo certo, o remédio pode reduzir em até 90% a chance de agravamento.
Atualmente, conforme a Secretaria de Estado da Saúde (SES), de janeiro até março deste ano, foram distribuídos 234 tratamentos aos municípios catarinenses. Desses, 157 estão sendo aplicados.
Ao contrário de outros estados, conforme a Saúde, não há cartelas encalhadas em Santa Catarina. Já a nível nacional, dos 3,2 milhões de medicamentos adquiridos desde março de 2022, 2,7 milhões tinham sido distribuídos aos estados até janeiro deste ano. No entanto, 472 mil seguiam estocados.
Fabricado pela Pfizer e aprovado pela Anvisa, o Paxlovid é recomendado para pessoas consideradas de risco com casos leves ou moderados da doença e deve ser administrado dentro de cinco dias até o início dos primeiros sintomas. O medicamento reduz em até 90% a chance de hospitalização nesses casos.
Conforme o jornal O Globo, ainda que tenha saído dos holofotes, o coronavírus tem matado mais que a dengue no Brasil.
São 2.066 mortes pela doença causada pela Covid em 2024, contra 656 causadas pela arbovirose. Santa Catarina segue o mesmo cenário, em que 75 pessoas morreram de coronavírus neste ano, contra 40 que foram vítimas fatais da dengue.
Esquema vacinal incompleto tem motivado mortes
Para a infectologista Sabrina Sabino, como o coronavírus é uma doença respiratória, com alta transmissibilidade e surtos — mesmo que surtos isolados em algumas regiões —, ainda há muitas contaminações.
Neste cenário, explica, quanto maior possibilidade de se ter pessoas contaminadas ao mesmo tempo, maior é a probabilidade de pacientes que têm alguma comorbidade e estejam vacinados evoluírem o quadro para grave ou até mesmo óbito.
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— Então, na verdade, é mais o índice de coeficiência da doença. Lembrando que a grande maioria das pessoas que morreram, geralmente, estava com o esquema vacinal incompleto — complementa a especialista.
Desinformação pode justificar baixa procura
Sabrina Sabino destaca que a baixa procura pelo Paxlovid pode estar relacionada à desinformação sobre o medicamento, tanto por parte da população como de profissionais da área. Ela usa como exemplo a influenza, em que as pessoas têm conhecimento que existem medicações e sabem onde buscar.
A Covid, por outro lado, além de ser uma doença consideravelmente nova, houve muita orientação divulgada acerca do tema, incluindo informações falsas que passaram a circular.
— Eu acredito que é uma soma das duas situações, tanto a desinformação da população quanto a não informação dos profissionais de saúde. Antes, a gente tinha que preencher um formulário gigante para fazer a liberação, via Estado, tinha essa dificuldade: preenche uma guia, diz o porquê, aí que recebe a medicação. Então, isso faz com que o atendimento seja muito moroso. Isso está diminuindo agora, conforme a Dive nos orientou. Por isso, vai começar a ter uma maior circulação da medicação — pontua a infectologista.
Além disso, ela cita o alto custo da medicação, que pode chegar a R$ 2,7 mil no mercado privado.
— Por ser uma medicação de extremo alto custo, ela é uma medicação que até mesmo os profissionais acabam restringindo a pacientes que têm o maior risco de hospitalização e óbito — diz.
Medicamento demorou a chegar ao SUS
O Paxlovid teve seu uso emergencial aprovado no Brasil no dia 30 de março de 2022. Composto por comprimidos de nirmatrelvir e ritonavir embalados e administrados juntos, o medicamento é indicado para o tratamento da doença em adultos que não necessitam de oxigênio suplementar e que apresentam risco aumentado de progressão para Covid-19 grave.
Cada tratamento é equivalente a uma cartela com 30 comprimidos e, conforme a Saúde, a dose recomendada é de dois comprimidos de nirmatrelvir com um comprimido de ritonavir por via oral duas vezes ao dia (de manhã e à noite).
Enquanto já havia sido aprovado e estava sendo distribuído nos Estados Unidos desde dezembro de 2021, no Brasil, a medicação só foi para as prateleiras em novembro do ano seguinte. Inicialmente, passou a ser comercializado apenas para o mercado privado. Em algumas farmácias, uma caixa do remédio poderia custar até R$ 2,7 mil.
No país, apesar de ter sido aprovado em março, somente em maio a distribuição no Sistema Único de Saúde (SUS) foi aprovada, mas em agosto o governo ainda estava em “tratativas” para a compra, conforme o Uol. Em Santa Catarina, o remédio chegou à rede pública em outubro de 2022.