Naquela terça-feira, 11 de setembro de 2001, há 23 anos, quatro voos comerciais foram sequestrados por 19 membros da organização terrorista Al-Qaeda e lançados contra alvos estratégicos em solo norte-americano. Os ataques mudaram a geopolítica e a história mundial.
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Com quase 3.000 pessoas mortas, o atentado marcou a primeira vez em que os Estados Unidos foram atacados dentro do próprio país desde o ataque à base naval de Pearl Harbor, no Havaí, durante a Segunda Guerra Mundial.
Os ataques de 11 de setembro mudaram a conjuntura da geopolítica mundial, desencadeando a “Guerra ao Terror” do governo George W. Bush, que levaria às invasões no Iraque e no Afeganistão.
Fatos marcantes sobre o 11 de setembro
Confira alguns dos fatos marcantes e relembre este dia que ficou na história mundial.
1 – Não só as Torres Gêmeas foram atacadas
Os ataques de 11 de setembro incluíram quatro aviões sequestrados, embora as cenas do World Trade Center, em Nova York, sejam até hoje as mais lembradas. O local foi também o com maior número de vítimas, mais de 2.700 pessoas.
Tudo durou menos de duas horas: o primeiro avião atingiu o World Trade Center às 8h46, o segundo, às 9h03, e com o impacto, a última torre desmoronou às 10h28.
World Trade Center: os sequestradores fizeram dois aviões colidirem com as Torres Gêmeas, em momentos diferentes. O impacto matou todos os passageiros a bordo e muitos trabalhadores dos edifícios. As duas torres desmoronaram pouco tempo depois, fazendo novas vítimas.
Pentágono: o terceiro avião foi lançado às 9h37 contra o Pentágono, sede da defesa dos Estados Unidos, no estado da Virgínia, matando 184 pessoas.
O avião de Shanksville: um quarto avião caiu às 10h03 em um campo aberto em Shanksville, na Pensilvânia, depois que alguns de seus passageiros e tripulantes tentaram tomar o controle da aeronave contra os terroristas. Todos os passageiros morreram.
2 – Vítimas foram avisadas no voo 93
A história do avião que caiu em Shanksville é símbolo de alguns dos muitos heróis anônimos da tragédia.
O voo doméstico de número 93 da United Airlines saiu de Nova Jersey e rumava para a Califórnia quando foi sequestrado.
Como se sabe hoje, uma vez que o voo atrasou para decolar, os passageiros do avião conseguiram saber do ataque em Nova York e no Pentágono.
Ligações dos passageiros para as famílias usando linhas do avião ou celulares privados, pouco depois das 9h30, mostram os momentos que antecederam a queda.
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Um dos passageiros, Thomas Burnett, Jr., fez diversas ligações à esposa, e disse que os sequestradores “estão falando sobre derrubar este avião […]”. “Meu deus, é uma missão suicida.”
Depois, disse à esposa que “vamos todos morrer. Há três de nós que vão fazer alguma coisa sobre isso. Te amo, querida”.
Outro, Todd Beamer, é ouvido ao fundo de uma ligação dizendo “vocês estão prontos? Vamos lá”.
Graças às gravações, é possível saber como os presentes se sacrificaram para evitar outro ataque . Não se sabe qual era o alvo dos quatro sequestradores, mas teorias vão da Casa Branca a alvos nucleares.
3 – Houve vítimas posteriores
Ao todo, foram contabilizadas 2.977 vítimas dos ataques de 11 de setembro. As vítimas tinha de 2 a 85 anos, e 75% a 80% eram homens.
Mais de 340 bombeiros e duas dezenas de policiais também morreram no resgate das vítimas em Nova York. Muitas pessoas ainda não foram identificadas.
Além disso, nos anos seguintes, outras mortes foram adicionadas à lista de vítimas diretas do 11 de setembro devido a efeitos colaterais da exposição a gases tóxicos nos destroços.
Em 2007, médicos concluíram que a advogada Felicia Dunn-Jones morreu em 2002 devido à exposição ao pó carregado de amianto gerado na derrubada do World Trade Center. Dunn-Jones trabalhava em um escritório próximo ao local e havia sobrevivido aos destroços.
Leon Heyward, que trabalhava para a Prefeitura nas proximidades e ajudou voluntariamente a resgatar sobreviventes no atentado, também morreu em 2008 com linfoma, tumor em células linfáticas, também associado ao caso. Outro exemplo foi de Jerry Borg, que trabalhava nas proximidades e morreu de doença pulmonar em 2010.
4 – Conta-se bilhões de dólares em danos
Para além das perdas humanas no ataque e nas guerras que se seguiriam, o 11 de setembro teve uma série de impactos econômicos diretos, como seguros bilionários pagos a empresas afetadas e até mesmo a redução de voos nos períodos que se seguiram, diante do temor de novos ataques.
Veja os principais valores:
- Até 123 bilhões de dólares em perda econômica estimada nas semanas seguintes ao ataque devido à necessidade de as empresas se realocarem, o cancelamento de eventos e a queda no tráfego aéreo (até 2003), segundo o pesquisador Adam Rose, da Universidade do Sul da Califórnia, em dados compilados pelo The New York Times;
- 60 bilhões em danos diretos ao World Trade Center, prédios vizinhos e o metrô na região;
- 9,3 bilhões em pedidos de seguro;
- 40 bilhões no pacote emergencial anti-terrorismo aprovado pelo Congresso dias depois do ataque;
- 15 bilhões em pacote de resgate aprovado pelo Congresso para as companhias aéreas;
- 500 milhões custo estimado para as organizações terroristas de planejar e executar os ataques.
5 – Um Ministério foi criado
O 11 de setembro marcou uma mudança de paradigma na política de defesa americana. Incluindo nas duas grandes guerras mundiais, o país esteve habituado a lutar fora de seu território, mas o risco de atentados internos entrou no radar de vez após 2001.
Assim, os EUA criaram um ano depois, em novembro de 2002, o Department of Homeland Security (Departamento de Segurança Interna, em tradução livre, com os departamentos tendo status de ministério nos EUA).
O novo braço juntou 22 agências governamentais que já existiam, e passou a ficar responsável por temas como imigração e cargas que entram no país — no intuito de evitar brechas para futuros atentados.
Em todo o mundo, a atenção ao terrorismo cresceu e levou governos a ampliarem orçamentos de defesa. Richard Fadden, que foi conselheiro de segurança do governo do Canadá e serviu inclusive no período do 11 de setembro, resume: “antes do 11 de setembro, com certeza, já havia preocupações sobre terrorismo. Mas o mundo mudou na sua essência.”
6 – O ataque levou a duas guerras diretas
Após os ataques, o governo George W. Bush invadiria o Afeganistão (em 2001) e o Iraque (em 2003). Essas foram as duas principais guerras diretas geradas pelo 11 de setembro, além de outros embates dos EUA no Oriente Médio originados da “Guerra ao Terror”.
Bush seria reeleito em 2004, ficando no cargo até a eleição de Barack Obama, em 2008.
A princípio, os EUA iniciaram uma guerra contra a Al Qaeda e grupos acusados de ajudá-la, o que incluiu o Talibã, que atuava no Paquistão e no Afeganistão (onde governava desde 1996).
Os EUA invadiram o Afeganistão em 2001 e depuseram o Talibã, mas falharam em embasar instituições de Estado sólidas, o que levou à retomada do poder pelo Talibã em agosto, após a retirada das tropas.
No Iraque, o governo de Saddam Hussein foi acusado de ter armas de destruição em massa (o que nunca foi comprovado) e de ter ligações com a Al Qaeda.
Hussein foi capturado após a invasão americana em 2003 e condenado ao enforcamento em 2006 por um tribunal do novo governo iraquiano – a sentença incluiu crimes cometidos décadas antes, como um genocídio contra muçulmanos xiitas (Hussein era sunita) nos anos 1980.
7 – Os gastos com a Guerra ao Terror são ainda maiores
Com a saída dos EUA do Afeganistão em 31 de agosto, encerrando 20 anos de guerra no país, o governo Joe Biden admitiu que só a guerra em solo afegão custou “mais de 1 trilhão de dólares” aos cofres americanos.
Na prática, novas estimativas apontam que, incluindo o Afeganistão e o Iraque, o custado das guerras pode ter chegado a 8 trilhões de dólares. O Afeganistão custou, sozinho, 2 trilhões de dólares.
As projeções foram publicadas no projeto The U.S. Budgetary Costs of the Post-9/11 Wars (os custos orçamentários para os EUA das guerras pós-11/9, em tradução livre), do Watson Institute na Universidade Brown e do Frederick S. Pardee Center na Universidade de Boston.
Os cálculos incluem, além dos gastos diretos em defesa, os custos com milhares de veteranos de guerra que terão problemas de saúde bancados pelo Estado pelas próximas décadas.
A estimativa é que só os benefícios médicos para os veteranos dessas duas guerras atinjam 2,5 bilhões de dólares até 2050.
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