Na última segunda-feira (02), Canoinhas, no Planalto Norte catarinense, registrou um marco médico inédito: o primeiro transplante de fezes da região. O procedimento foi realizado pelo gastroenterologista Everson Veiga, em consultório particular, com internação posterior no hospital de Três Barras.
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A intervenção foi indicada após o paciente desenvolver colite pseudomembranosa, uma infecção intestinal grave causada pela bactéria Clostridium difficile.
Segundo o médico André Carvalho, responsável pelo acompanhamento clínico, o paciente apresentava desidratação severa, diarreia intensa e perda de eletrólitos.
“É uma doença de alta mortalidade, mais comum em idosos com múltiplas comorbidades e que fazem uso de antibióticos”, explicou Carvalho.
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Como ocorre o transplante?
“A técnica leva microbiota saudável, a que o paciente deveria ter e perdeu por conta dos antibióticos. Salva a vida, porque a chance do transplante ter êxito é de 80% e, com duas aplicações, supera 95%”, informou Carvalho.
O procedimento consiste em recolonizar o intestino doente com bactérias saudáveis, obtidas por meio de fezes de um doador compatível.
A esposa do paciente, que morava na mesma casa e atendia aos critérios clínicos, foi a doadora. Ela passou por exames de sorologia e utilizou vermífugo antes de fornecer a amostra.
“Usamos 50g das fezes misturadas com soro fisiológico estéril. A mistura foi filtrada e aplicada por colonoscopia até o ceco, onde começa o intestino grosso”, explicou Veiga. Segundo ele, o restante do filtrado foi “semeado” ao longo do trajeto de retirada do equipamento.
Everson contou com orientação da médica Janaína Wercka, de Mafra, que já realizou o procedimento anteriormente, e utilizou publicações científicas como base para o preparo.
Transplante de fezes
O transplante de fezes é uma técnica reconhecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e tem se mostrado eficaz no tratamento de infecções intestinais graves, especialmente aquelas causadas por Clostridium difficile.
Estudos indicam que a taxa de sucesso do procedimento pode superar 90%, oferecendo uma alternativa viável para pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais.
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