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Cativante, excitante e raivoso: 34 anos do primeiro disco do Skid Row

“Apadrinhada” por Bon Jovi, a banda foi da ascensão ao decesso com a mesma velocidade. Mesmo assim criou hits que se tornaram clássicos

Fonte:
Redação/PortalRBV

O Skid Row surgiu em 1986, em Nova Jersey, nos Estados Unidos da América. Podemos dizer que a banda nasceu verdadeiramente dentro de uma loja de instrumentos musicais de Nova Jersey (EUA) já que seu fundador Dave “Snake” Sabo, funcionário do estabelecimento, lá conheceu Rachel Bolan, que viria a ser o baixista nela.

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Snake estava frustrado, sentindo-se um perdedor e derrotado, pois anos antes havia sido demitido da banda Bon Jovi e posteriormente passado por outras bandas menores sem sucesso. Foi aí que Bolan passou pela porta da loja com uma boina vermelha e uma jaqueta de couro na cor rosa: Sanke soube imediatamente, pelos seus instintos, que deveria conversar com o tal Bolan.

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Os dois tornaram-se amigos e Bolan chamou um segundo guitarrista, Scotti Hill, que tocava consigo em outra banda. Sanake, por sua vez, convidou Robb Affuso, baterista da sua banda que tocava covers do Rush. Para os vocais convidaram Matt Fallon, aquele mesmo que teve uma rápida passagem pela banda Anthrax. Em 1987 mesmo a banda conquistou pequena fama em sua cidade natal tocando na cena underground.

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Por ser amigo de infância de Jon Bon Jovi, Snake tinha fortes contatos para alcançar a fama. Quando adolescentes os dois prometeram que seriam rockstar e, aquele que alcançasse primeiro a fama, ajudaria o outro. Bon Jovi foi o primeiro a conquistar o sucesso e realmente cumpriu com a palavra: foi ver uns dos primeiros shows do Skid Row e compartilhou experiências, bem como convidou o Skid para abrir alguns dos seus shows.

Mas não parou por aí. A banda era boa, sim, porém não estavam satisfeitos com Matt Fallon nos vocais (principalmente o empresário da banda, Doc McGhee). Então entraram em cena os pais de Bon Jovi (isso mesmo), eles estavam no aniversário do fotógrafo de celebridades, Mark Weiss, quando viram um garoto cantar Led Zeppelin no palco acompanhado de Zakk Wylde (Ozzy Osbourne), Kevin DuBrow (Quiet Riot) e membros do Twisted Sister. Tratava-se de Sebastian Bach, que logo indicaram à Snake: era o fim da era Fallon e o início estrondoso do Skid Row (e de certa forma a sua ruína).

Com mais uma ajuda de Bon Jovi viajaram para o Wisconsin (estado americano) e lançaram seu primeiro álbum, apenas chamado de Skid Row. A voz de Sebastian Bach no alto dos seus 20 anos encaixou perfeitamente no disco e na banda, assim como a sua imagem rockstar a lá Axl Rose. Porém, o “garoto” já demonstrava indícios da sua personalidade explosiva e encrenqueira. Duas de suas mais famosas impetuosidades são a garrafa atirada contra uma fã de 17 anos durante um show, onde Sebastian tentava acertar um homem que o havia atirado a mesma garrafa (esse incidente rendeu a Bach uma prisão e apenas foi libertado mediante o pagamento de fiança no valor de 10 mil dólares), e a ocasião na qual, ao fim de um show, totalmente chapado, foi vestir uma camiseta entregue por um fã para que tirassem uma foto sem analisar o que havia escrito nela – resultado: a camiseta estampava a frase “Aids kills fags dead” (algo como “Aids mata bichas”).

Com o álbum gravado, tivemos as primeiras 11 estrondosas músicas do Skid. São elas: Big Guns, Sweet Little Sister, Can’t Stand the Heartache, Piece of Me, 18 and Life, Rattlesnake Shake, Youth Gone Wild, Here I Am, Makin’ a Mess, I Remember You e Midnight / Tornado. Nesse álbum podemos perceber a influência de cada uma das engrenagens da banda funcionando muito bem, Rob Affuso com toda a sua habilidade e “pegada forte”, um baixista letrista bem na linha de Nikki Sixx do Mötley Crüe, dois guitarristas muito bem entrosados e a voz aguda e postada de Bach amarrando todo o conjunto.

As influências musicais de cada um também pesaram muito: Bolan era um viciado em punk rock (Sex Pistols e Ramones), enquanto os demais integrantes curtiam muito o heavy metal. E aí está o grande charme desse primeiro disco, os caras conseguiram “casar” muito bem todas essas influências – fato que faz esse disco ser um dos mais importantes da badalada década de 1980.

A primeira música “Big Guns” demonstra toda a agressividade e qualidade que viriam nas faixas seguintes. Riffs cortantes, pegada forte e sólida do baixo e bateria e a voz inconfundível de Bach. Na sequência vem a veloz Sweet Little Sister; Can’t Stand The Heartache é a clichê que todo primeiro disco de uma banda de rock precisa ter, e Piece of Me que demonstra a influência punk de Bolan.

18 And Life é quase uma balada que revela como os caras sabiam criar belas letras e compor melodias com acordes simples, sem a pretensão de recriar a roda (não à toa uma das músicas mais famosas da banda). Para não agradar apenas os puristas do bom rock e garotinhas apaixonadas, na sequência do álbum são apresentados dois grandes hinos para os jovens rebeldes e desajustados: trata-se de Rattlesnake Shake e Youth Gone Wild. Here I Am é a música mais pesada do disco e quase um prenúncio do que seria apresentado no próximo LP da banda. Making Mess é a única música insossa do disco – arrisco a dizer que nem precisava estar ali. I Remember You é a grande balada da banda, música eternizada pelas ondas das FM’s mundo afora e o grande single do disco (quem se atreve a dizer que nunca ouviu?). A performance de Bach com sua voz nessa balada é irretocável, simplesmente formidável. E, para fechar o álbum, Midnight/Tornado, deixando um gostinho de quero mais.

Esse primeiro disco mostrou toda a sua ferocidade e catividade, tanto que chegou à sexta posição nas paradas americanas e vendeu mais de oito milhões de cópias (mais que o dobro do primeiro disco do Bon Jovi). Na sequência o Skid lançaria os discos Slave To The Grind e Subhuman Race, ambos mais pesados e sem tanto sucesso como o primogênito.

Apesar de toda a confusão que causava, Sebastian Bach era, naquele momento, a engrenagem que faltava para o sucesso da banda. Porém, suas constantes “aventuras” acabaram tornando sua convivência com os demais quase que impossível. Em 1996 a sua demissão não causou muito espanto, pois era pública a informação de que a banda, o empresário e a gravadora já não confiavam mais no vocalista. E foi assim que o Skid Row nunca mais foi o mesmo – diversas tentativas com outros vocalistas foram feitas, mas sem sucesso.

Fato é que o Skid Row não é Skid Row sem Bach, e Bach sem Skid Row não é Bach. O vocalista na carreira solo chegou a lançar alguns discos, porém o único que alcançou relativo sucesso foi Angel Down de 2007. Já o Skid retornou em 2023 com um novo vocalista e até passou pelo Brasil. Enfim, o que ficou foi a história e certeza de que bandas desse porte dificilmente voltarão a existir.

Por: Gionei “Pollenta” Cambruzzi Fhynbeen, Jornalista, Locutor e Produtor da Rádio 92 FM de Caçador. Apresentador do Programa 92 In Rock que vai ao ar todos os sábados das 18h às 20h na emissora.

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