No Sul do país, com o aumento da umidade durante o período mais quente do ano, condição agravada nesta primavera e verão devido ao fenômeno El Niño, os pecuaristas enfrentam desafios significativos no controle de parasitas dos rebanhos, como o carrapato.
Conforme o diretor da empresa Conexão Delta G, Octaviano Pereira Neto, o aumento da frequência de chuvas durante a primavera e verão, associado ao El Niño, é benéfico para a produtividade das pastagens, mas também cria um ambiente propício para o desenvolvimento dos parasitas. “O controle do carrapato é vital para evitar prejuízos na reprodução, desenvolvimento dos animais, produção leiteira e terminação”, destaca.
O especialista aponta para três pilares fundamentais no manejo integrado: o manejo ambiental, o uso de carrapaticidas e a seleção genética. Na questão do manejo ambiental, destaca a importância de evitar o crescimento massivo das infestações nas pastagens.
“Estratégias incluem cuidados na entrada de animais em áreas propensas à infestação, como restevas de lavouras. Além disso, é crucial atentar para a redução da carga parasitária em pastagens cultivadas durante as atividades agrícolas”, observa.
Quanto ao uso de carrapaticidas, Pereira Neto recomenda uma abordagem cuidadosa na escolha do produto, considerando formulações com excelente adesividade e rápida absorção pela pele dos animais. “A eficácia do tratamento também deve ser avaliada, evitando escorrimentos que podem comprometer o resultado, principalmente em períodos chuvosos”, frisa.
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O terceiro pilar, a genética, para o especialista, emerge como uma solução promissora. Reforça que a seleção de animais geneticamente resistentes ao carrapato contribui para elevar a resistência média do rebanho.
Há 15 anos, a Conexão Delta G desenvolve juntamente com a Embrapa Pecuária Sul, de Bagé (RS), e o Gensys Consultores Associados, com apoio da Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB), projeto de seleção genômica para identificar animais mais resistentes ao carrapato, e que vem trazendo resultados positivos aos que adquirem a genética provinda destes exemplares.
O trabalho identifica e seleciona os animais mais resistentes à infestação do parasita, combinando dados de contagens de carrapato e de genealogia com informações de DNA. Foram identificados os animais das raças Braford e Hereford mais resistentes à infestação por carrapatos por meio da genotipagem dos animais e auxílio dos marcadores moleculares presentes no DNA dos bovinos destas raças.
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