Rádios RBV

Menu

Apreensão de agrotóxico ilegal cresce no país e acende alerta

Em 2022, autoridades já tinham feito uma grande apreensão de agrotóxicos ilegais em Santa Catarina.

Fonte:
Globo rural

Apreensão de agrotóxico ilegal cresce no país e acende alerta para a entrada e utilização destes produtos nas lavouras de todo país. Em Santa Catarina uma grande quantidade é retirada de circulação todos os anos.

PARTICIPE DO NOSSO GRUPO NO WHATSAPP E RECEBA NOTÍCIAS

Há pouco mais de um ano, policiais civis de São Paulo ao lado de fiscais do Ibama e do Ministério da Agricultura e Pecuária deram uma blitz em um endereço em Americana (SP) e descobriram um depósito de contrabandistas. Amplo, bem iluminado com ventiladores nas paredes, o local era usado como esconderijo para 75 toneladas de agrotóxicos que haviam entrado ilegalmente no Brasil.

- Publicidade -

Entre os produtos, um chamava atenção: o que continha Paraquate, um ingrediente ativo totalmente banido do Brasil desde 2021 e que é associado ao Parkinson em pessoas que manuseiam o produto. Antes de ser proibido, esse químico era muito usado para secar lavouras de soja de modo a acelerar o amadurecimento dos grãos, permitindo antecipar a colheita.

A apreensão, ocorrida em fevereiro de 2023, só confirmou o que autoridades já vinham detectando: o avanço de grupos criminosos na venda de defensivos no mercado clandestino. Isso explica o aumento no número de apreensões de agrotóxicos ilegais no país. No ano passado, só a Polícia Federal reteve 575 toneladas, quase 180% mais que em 2022.

O lote de produtos apreendidos em Americana — acondicionados em sacas e em tonéis de plástico azul — foi avaliado na época em R$ 43 milhões. Autoridades disseram que a carga seria vendida a produtores rurais no Mato Grosso e no Estado de São Paulo.

Órgãos federais e estaduais têm feito apreensões seguidas tanto do Paraquate quanto de outros agrotóxicos ilegais — muitos deles vindos do Paraguai, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Argentina, países com regulações menos rigorosas do que as brasileiras em relação aos defensivos agrícolas. Os ingredientes ativos são geralmente importados da China e Índia.

O comércio desses produtos tem como principal atrativo o preço inferior aos dos defensivos produzidos e vendidos dentro dos padrões da Lei dos Agrotóxicos, aprovada em 2023.

Além do preço, o mercado ilícito também explora a possibilidade de vender no Brasil produtos com concentrações muito superiores às consideradas seguras por aqui. Um exemplo é o benzoato de imamectina, um inseticida para controle de pragas. Autorizado emergencialmente no país com uma concentração de 5%, o inseticida é encontrado no Paraguai com concentração que chega a 90%.

Autoridades e pessoas envolvidas no combate ao mercado ilegal afirmam que muitos lojistas e produtores rurais que adquirem defensivos clandestinos têm consciência do que estão fazendo, seja pelo preço abaixo do mercado seja pelas embalagens em espanhol.

Autoridades alertam para os riscos à saúde e ao meio ambiente desses produtos clandestinos.

Veja também

Cidasc alerta sobre registro obrigatório para drones agrotóxicos

Liberação de agrotóxicos cai no Brasil em 2023

O Ministério da Agricultura diz não ter uma estimativa sobre o tamanho do mercado ilegal de defensivos. A indústria de agroquímicos calcula que a fatia do mercado atendida por produtos ilícitos gira em torno de 20% a 25%.

A estimativa foi feita com base nos dados de 2021 e significavam naquele ano entre US$ 2,9 bilhões e US$ 3,7 bilhões.

Os números são da CropLife Brasil, a entidade que reúne empresas de defensivos, de sementes, de biotecnologia e de produtos biológicos e que tem entre seus associados gigantes multinacionais como GDM, Basf, Bayer, Sumitomo Chemical e Syngenta.

“Esse é um problema mundial. Na Europa, segundo dados da OCDE, em média os insumos ilegais representam 14% do mercado local. O Brasil sofre bastante por ser um grande produtor agrícola”, afirma Nilto Mendes, um ex-policial federal que atualmente é gerente de Combate a Produtos Ilegais na CropLife Brasil.

Um estudo lançado em 2021 pelo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf) também estimou em 25% a fatia de defensivos ilegais no país.

Defensivos ilegais podem ser aqueles contrabandeados, adulterados por meio de diluições e adições de outros insumos, falsificados com uso de produtos não destinados ao campo e podem também ser aqueles frutos de roubos.

No caso do contrabando, o Paraquate se tornou um problema mais chamativo. Em 2022, autoridades já tinham feito uma grande apreensão em Santa Catarina. Em 2023, novamente em Americana. Mês passado, a Receita Federal de Foz do Iguaçu recolheu 36 toneladas de agrotóxicos ilegais. Desse total, cerca de 70% era Paraquate.

Quando a Anvisa decidiu banir a venda e uso desse químico no país citou o risco (embora, segundo a agência, ainda em discussão em outros países) de Parkinson e potencial de que a substância cause mutações que sejam transmitidas a futuras gerações ou ainda que cause câncer. Em 2020, a agência divulgou nota dizendo que o risco era para quem manuseava o produto e que quem consome alimentos não está suscetível à exposição da substância.

Para a indústria, a penetração de criminosos —contrabandistas, falsificadores, lavadores de dinheiro — no mercado de defensivos representa concorrência desleal, evasão de impostos, ameaça à reputação dos produtos lícitos e riscos à saúde e ao meio ambiente.

Para órgãos de controle, a cadeia clandestina de defensivos acende vários alertas.

“Considerando que os produtos ilegais não passaram pelo procedimento de registo oficial do governo federal, é admissível que os resíduos nos alimentos de quem faz uso desses produtos possa gerar resíduos acima do que prevê a legislação Brasileira (LMRs)”, afirma o Ministério da Agricultura.

A Anvisa reforça: “Agrotóxicos irregulares não oferecem as garantias de segurança para o trabalhador e para o meio ambiente, tampouco possuem eficiência e qualidade que são exigidas para estes produtos. Sem esses requisitos mínimos, os produtos irregulares representam um alto risco de dano e ameaça à saúde do trabalhador e das pessoas que consomem os alimentos em que foram utilizados produtos irregulares”.

Já o Ibama diz que produtos ilegais e provenientes de contrabando não passam por avaliações de eficácia, viabilidade agronômica, impactos ambientais e à saúde humana e que “por isso seus impactos ambientais são incertos e podem causar efeitos adversos severos em organismos não alvo dessas substâncias, interferindo negativamente no equilíbrio ambiental”.

O Ministério da Agricultura afirma que vem atuando contra o mercado ilegal e que em 2023 realizou 35 operações com apreensões de agrotóxicos, fertilizantes, sementes, e outros produtos.

O aperto nas fiscalizações se soma a outra medida. No ano passado, a nova Lei dos Agrotóxicos tornou mais dura a punição para negócios ilícitos com os produtos — agora com penas de 3 a 9 anos de prisão.

Mas há ainda dois obstáculos. Um deles conscientizar mais os produtores sobre a origem, ainda que mais cara, dos defensivos. Outro obstáculo está do outro lado das fronteiras, diz o economista Luciano Barros, presidente do Idesf. “É preciso melhorar o ambiente regulatório em países vizinhos e buscar uma equalização das legislações sobre agrotóxicos entre os países do Mercosul.”

A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) foi procurada para comentar o tema, mas não respondeu.

Participe do grupo no Whatsapp do Portal RBV e receba as principais notícias da nossa região.

*Ao entrar você está ciente e de acordo com todos os termos de uso e privacidade do WhatsApp

Últimas Notícias

SC é vice-campeã nacional na produção de arroz com 1,2 milhão de toneladas

Santa Catarina consolidou-se como vice-campeã nacional na produção de...

Videira intensifica cuidados nos cemitérios para o Dia de Finados

A Prefeitura de Videira, por meio da Secretaria de...

Escolas estaduais mudam critério de avaliação dos estudantes

Uma nova portaria da Secretaria de Estado da Educação...

Oito envolvidos na morte de PM em Tangará são condenados

Terminou na noite desta quarta-feira (30) o julgamento dos...

Previsão do Tempo: Santa Catarina com sol entre nuvens

A previsão do tempo para Santa Catarina nesta quinta-feira...

Mais Lidas da semana

Empresário de Fraiburgo, Cristiano Augusto Weber, morre aos 30 anos

Cristiano Augusto Weber, de 30 anos, foi encontrado por...

Em clima de tensão começa o julgamento pela morte de policial em Tangará

O julgamento dos oito acusados pela morte do policial...

Mulher é morta a facadas na frente dos filhos no Oeste de SC

Uma mulher de 29 anos foi assassinada a facadas...

Oito envolvidos na morte de PM em Tangará são condenados

Terminou na noite desta quarta-feira (30) o julgamento dos...

Jurada passa mal e julgamento é suspenso em Tangará

O júri popular dos acusados de matar o policial...

Outros Tópicos Interessantes