Empresas do setor madeireiro e as indústrias de móveis de Santa Catarina já enfrentam impactos severos após o anúncio do pacote tarifário dos Estados Unidos. A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros entra em vigor no dia 1º de agosto e já abala as relações comerciais entre os países. Especialistas do mercado alertam para risco de crise profunda e demissões em massa no Estado.
PARTICIPE DO NOSSO GRUPO NO WHATSAPP E RECEBA NOTÍCIAS
Na região do Planalto Norte catarinense, cerca de 40% das empresas em São Bento do Sul e Campo Alegre suspenderam exportações e produção destinada ao mercado americano.
O presidente do Sindusmobil, Luiz Carlos Pimentel, afirma que o “tarifaço” prejudica diretamente essas indústrias. Segundo ele, o mercado norte-americano sempre foi rigoroso quanto a reajustes de preço:
“O mercado americano sempre foi um dos mais criteriosos quando se trata de aceitar qualquer tipo de reajuste de preço. É sempre muito difícil de você conseguir repassar um reajuste para um americano.”
Veja também
Governo de SC é condenado por jogar esgoto de hospitais em rios
Moradores atingidos pelas chuvas em Campos Novos já podem sacar até R$ 6,2 mil do FGTS
Pimentel também explica que algumas empresas podem estocar produtos até obter definição sobre o cenário. Porém, outras já sinalizam redução de jornadas e adoção de férias coletivas – embora ainda não haja demissões registradas.
Ele destaca que os Estados Unidos são os principais compradores dos móveis de madeira de Santa Catarina.
A região de São Bento do Sul responde por 50 % das exportações de móveis do Estado, sendo que 55 % dos US$ 84 milhões exportados no ano passado foram destinados ao mercado americano.
Cenário catarinense
O presidente da Fiesc, Mário Cezar de Aguiar, considera o setor madeireiro essencial para SC. O Estado abriga 6.019 empresas no segmento de móveis, que empregam 73.419 pessoas. Ele alerta para a importância de negociar prorrogação do prazo de aplicação das tarifas para evitar colisão abrupta.
Ricardo Rozene Rossini, líder do Sindimade, enfatiza que, se o tarifaço não for revertido, o setor catarinense e nacional enfrentará mudanças profundas. Ele alerta:
“Caso não tenhamos sucesso, infelizmente o setor da madeira terá que passar a fazer demissões em massa como jamais se viu na história do setor.”
O Grupo Ipumirim, tradicional no Oeste catarinense, anunciou nesta quarta-feira (23) que colocará 550 funcionários em férias coletivas nos próximos dias, medida temporária até que os governos negociem um acordo que resolva o impasse comercial.