Um estudo da empresa norte-americana Yield Sec revelou que o mercado de apostas esportivas ilegais no Brasil superou o segmento regulamentado no segundo trimestre de 2025. De acordo com o relatório, para cada R$ 1 gasto em plataformas autorizadas pelo governo, outros R$ 1,04 foram direcionados a sites irregulares, que operam sem controle fiscal ou mecanismos de proteção ao usuário.
PARTICIPE DO NOSSO GRUPO NO WHATSAPP E RECEBA NOTÍCIAS
A pesquisa indica que 37% da população brasileira, o equivalente a 81,7 milhões de pessoas, interagiram com jogos online no primeiro semestre deste ano. Desses, 50,9 milhões utilizaram sites fora da legislação vigente. A estimativa da Yield Sec aponta que o setor ilegal movimentou R$ 18,1 bilhões, ultrapassando o volume de R$ 17,4 bilhões do mercado legalizado, número confirmado pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda.
Segundo Ismail Vali, diretor da empresa responsável pelo levantamento, o cenário é resultado de “anos de inércia política e ausência de legislação eficaz”. O relatório adverte ainda que, sem medidas adicionais, o setor ilegal poderá dominar 72% do mercado até o terceiro trimestre de 2026 — período que antecede a Copa do Mundo, quando o volume de apostas tende a crescer de forma significativa.
Dados recentes de uma plataforma de apostas esportivas referentes a agosto de 2025 apontam que o futebol continua a ser o esporte mais popular entre os apostadores, concentrando 88,17% das entradas registradas. Em seguida aparecem tênis (7,02%) e basquete (3,37%), enquanto modalidades como UFC, vôlei e beisebol representam menos de 1% do total.
Os campeonatos nacionais, como Brasileirão Série A e B, figuram entre os torneios mais apostados, seguidos por competições internacionais como Copa Libertadores e Premier League. A predominância do futebol reforça o papel do esporte como principal motor do mercado de apostas esportivas, tanto legal quanto ilegal.
A Secretaria de Prêmios e Apostas registrou avanços na fiscalização das bets e bloqueou mais de 15 mil sites ilegais desde o início da regulação do setor, em outubro de 2024. O órgão contabiliza atualmente 78 empresas autorizadas e monitoradas, que juntas somaram 17,7 milhões de apostadores apenas no primeiro semestre de 2025.
Entre as ações implementadas, estão o monitoramento de transações financeiras suspeitas e a remoção de publicidades irregulares em redes sociais, em parceria com empresas de tecnologia como Google, Meta e TikTok. O esforço conjunto resultou na remoção de mais de 250 contas e perfis ligados a apostas esportivas ilegais.
A SPA também reportou que a arrecadação tributária do setor legal alcançou R$ 3,8 bilhões nos primeiros seis meses do ano, além de R$ 2,2 bilhões em outorgas e taxas pagas pelas empresas licenciadas.
Em outra frente de regulação, o governo federal proibiu beneficiários do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) de participarem de apostas esportivas e demais jogos online. A medida, publicada pelo Ministério da Fazenda em 1º de outubro, determina que operadoras consultem periodicamente o banco de dados do programa social para impedir o uso de recursos públicos em plataformas de apostas. A norma prevê que contas de usuários beneficiários sejam encerradas em até três dias, com direito a saque dos valores antes do bloqueio definitivo.

