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Condenação no STF reacende debate sobre destino político de Bolsonaro

Jair Bolsonaro

Foto: Antonio Augusto/STF

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e crimes conexos marcou um ponto de inflexão no Judiciário brasileiro e abriu uma série de decisões jurídicas e políticas que ainda vão se desenrolar nas próximas semanas. Por 4 votos a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) fixou a pena de 27 anos e três meses de reclusão, além de multas e indenizações.

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A partir desse veredito, com Bolsonaro condenado, surgem perguntas imediatas:

Publicação do acórdão e prazos recursais

O próximo passo é a publicação do acórdão, que consolida os votos e a fundamentação da decisão. Esse documento serve como marco processual, pois é a partir dele que passam a contar os prazos para a defesa apresentar recursos. O STF tem até 60 dias para publicar o acórdão, mas, em casos de grande repercussão, a divulgação costuma ocorrer antes.

Entre os recursos cabíveis, os primeiros são os embargos de declaração, usados para apontar possíveis contradições, omissões ou obscuridades no texto da decisão. Apesar de não mudarem o mérito, podem atrasar a conclusão do processo.

Em seguida, existe a possibilidade de embargos infringentes, que poderiam levar o caso ao Plenário do STF. No entanto, esse recurso exige um número mínimo de votos divergentes — o que não se configurou neste julgamento, já que apenas um ministro votou pela absolvição.

Quando e se a prisão será executada

Embora a pena já esteja definida, a execução só ocorre após o chamado trânsito em julgado, quando não restarem recursos pendentes. Até lá, mesmo com Bolsonaro condenado, ele permanece em prisão domiciliar, decretada no âmbito de outra investigação, e sua defesa deve tentar que esse período seja descontado da nova condenação. Essa avaliação, porém, depende de decisão do relator e da compatibilidade entre os regimes.

Isso significa que, ao contrário do que muitos imaginam, a prisão não é imediata. A defesa poderá se utilizar de todos os recursos previstos em lei, o que tende a alongar o processo. Além disso, medidas cautelares, como prisão preventiva, só seriam cogitadas se os ministros entendessem haver risco de fuga, ameaça à ordem pública ou interferência em investigações.

Regime inicial e local de cumprimento

A pena superior a oito anos impõe, por regra do Código Penal, o início em regime fechado. Assim, caso não haja mudança nos recursos, Bolsonaro deverá iniciar o cumprimento da pena nesse regime.

O local de cumprimento será definido pelo relator do processo, ministro Alexandre de Moraes. Entre as possibilidades estão o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, e a carceragem da Polícia Federal, que já recebeu presos em casos de grande repercussão. A hipótese de cumprimento em unidade militar também foi levantada, mas é considerada problemática, pois poderia estimular aglomerações de apoiadores e tensões políticas.

Prisão domiciliar: possibilidade e limites

Outra frente que deve ser explorada pela defesa é a solicitação de prisão domiciliar. O pedido pode se apoiar em dois fatores: a idade de Bolsonaro, que completou 70 anos, e questões de saúde que exigiriam cuidados contínuos. Em situações semelhantes, já houve concessão de regime domiciliar humanitário, como ocorreu com o ex-presidente Fernando Collor.

Mesmo assim, esse tipo de benefício não é regra. O entendimento jurídico predominante é de que a pena deve começar em regime fechado, cabendo ao Supremo decidir sobre eventual mudança em razão de condições específicas. Ou seja, embora possível, a prisão domiciliar dependerá de comprovação médica e da interpretação dos ministros.

Efeitos civis e administrativos

A decisão da Primeira Turma não se limita à prisão. Além do tempo de reclusão, Bolsonaro e outros condenados foram obrigados a pagar R$ 30 milhões em indenização pelos danos causados durante os atos de 8 de janeiro de 2023. A multa é coletiva, mas aumenta a pressão financeira sobre os envolvidos.

Outro ponto é a inelegibilidade. Pela Lei da Ficha Limpa, Bolsonaro ficará impedido de disputar eleições por oito anos após o cumprimento da pena. No caso de parlamentares condenados, há ainda a perda automática do mandato quando a decisão transitar em julgado. Para militares, a condenação pode resultar na perda de posto e patente, após análise do Superior Tribunal Militar.

Bolsonaro condenado: possibilidade de anistia no Congresso

Enquanto o processo segue no Supremo, aliados políticos já se articulam no Congresso para apresentar projetos de anistia. O objetivo seria estender o perdão a todos os condenados pelos atos antidemocráticos, incluindo o ex-presidente.

Para prosperar, a proposta precisa ser aprovada na Câmara e no Senado e receber sanção presidencial. Caso seja vetada, o Congresso ainda poderia derrubar o veto. No entanto, mesmo aprovada, a medida pode ser questionada quanto à sua constitucionalidade, levando novamente o tema ao STF.

Repercussões internacionais e reação de Eduardo Bolsonaro

Bolsonaro condenado foi condenado gerando repercução fora do país. Autoridades internacionais demonstraram preocupação, enquanto opositores de Bolsonaro comemoraram a decisão. Em meio a esse cenário, o deputado Eduardo Bolsonaro endureceu o discurso, criticou o Supremo e sugeriu que sanções internacionais poderiam ser aplicadas contra os ministros que votaram pela condenação.

Essas declarações ampliaram o clima de confronto político e adicionaram uma camada diplomática à crise. A possibilidade de medidas externas contra autoridades brasileiras ainda é incerta, mas o simples debate já aumenta a pressão sobre as instituições e pode impactar a relação do Brasil com outros países.

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