A Epagri realiza há mais de dez anos o programa de melhoramento genético da tilápia, que resultou na linhagem SC04, adaptada às características de clima e cultivo do Estado.
Esse foi um dos fatores que colaborou para que Santa Catarina se tornasse o quarto maior produtor de peixes cultivados do país, apesar de contar com clima e relevo limitantes à atividade.
Segundo os dados mais recentes publicados no Observatório Agro Catarinense, em 2022 o Estado produziu 42.100 toneladas de tilápia, uma variação de 5,3% em relação ao ano anterior.
Ainda segundo o Observatório, a produção de tilápias vem crescendo continuamente no Estado. Os dados iniciais, de 2015, mostram uma produção de 30.020 toneladas.
O programa de melhoramento genético de tilápias tem objetivo de fornecer matrizes de tilápia melhoradas para os produtores de alevinos de Santa Catarina e do Brasil.
Segundo Bruno Corrêa da Silva, pesquisador da Epagri e coordenador do programa, a tilápia Epagri SC04 foi selecionada para obter maior peso final em cultivos intensivos em viveiros escavados nas condições climáticas de Santa Catarina.
Em dez anos de pesquisa, o ganho em crescimento dos animais ao longo de quatro gerações é estimado em 33,9% pelos pesquisadores.
O crescimento médio da linhagem da Epagri nos meses mais quentes (novembro a maio) pode chegar a mais de 4g por dia.
Veja também
Santa Catarina é destaque na qualidade e sanidade das macieiras
Importação de tilápia é suspensa por suspeita de contaminação
Nos períodos mais frios (maio a outubro) a média de crescimento pode chegar a 2g por dia. O rendimento de filé da tilápia Epagri tem sido entre 34 a 37,2%.
A rentabilidade média dos cultivos acompanhados entre 2019 a 2022 foi de 32,4% (16,7% a 59,5%). Neste mesmo período, o lucro operacional foi em média de R$54.900 mil por hectare.
Análise de DNA
Para alcançar resultados tão expressivos a Epagri vem investindo em alta tecnologia no programa de melhoramento genético da tilápia.
Segundo Bruno, esse trabalho envolve a marcação individual dos peixes pesquisados, por meio de nanochips instalados nos animais. Após a identificação, cada peixe tem um pedaço de sua nadadeira retirado, que vai para o laboratório de biologia molecular para fazer a análise do DNA desse animal.
Adriana Pereira, química da Epagri, explica que, além de extrair o DNA, são aplicadas metodologias de biologia molecular para identificar a diversidade genética existente entre os animais e as famílias de reprodutores.
Também são identificados os peixes tolerantes ao frio e os mais resistentes a algumas doenças. Os resultados são processados no laboratório e encaminhados ao programa de melhoramento genético, para serem utilizados no direcionamento dos cruzamentos.
A Epagri mantém também Unidades de Referência Técnica (URTs), que são propriedades de agricultores selecionadas para receberem e testarem as tecnologias desenvolvidas. Nas URTs, os pesquisadores, em conjunto com o produtor rural, repetem a rotina dos piscicultores profissionais, ou seja, cruzam as matrizes selecionadas para obter alevinos que são engordados até o tamanho ideal para comercialização.
Assim, os pesquisadores da Epagri conseguem acompanhar o desempenho zootécnico desses animais selecionados e fazem também toda a análise econômica envolvida na atividade.
“Com isso, o projeto de melhoramento de tilápia da Epagri consegue chegar até o produtor com um animal de ótima qualidade genética para que ele obtenha um bom ganho econômico, atendendo assim a necessidade da cadeia da piscicultura”, avalia Bruno.